Vítimas estavam em veículo que foi metralhado por criminosos na noite do último domingo. Rayssa dos Santos Ferreira e Filipe Rodrigues morreram na hora
![]() |
Filipe Rodrigues e Rayssa dos Santos Ferreira com o filho — Foto: Reprodução |
A família de Rayssa dos Santos Ferreira, Filipe Rodrigues e do pequeno Miguel Filipe dos Santos Rodrigues, de apenas 7 meses, conseguiu gratuidade da Prefeitura de São Gonçalo para o enterro dos três. O casal e o bebê foram mortos a tiros na noite do último domingo, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. O veículo onde estavam foi atacado por criminosos, e teve, ao menos, 13 perfurações na lataria e nos vidros. As vítimas serão enterradas nesta terça-feira, no Cemitério do Pacheco.
Parentes do casal passaram a manhã desta terça-feira agilizando os trâmites para o enterro. Segundo o tio de Rayssa, Leonardo Murta, a família segue "sem chão". Logo cedo, eles procuraram pela Prefeitura de São Gonçalo para tentar o auxílio, já que não tinham dinheiro para enterrar os três. Os corpos foram liberados ainda na segunda-feira, no Instituto Médico-Legal (IML).
Rayssa, de 23 anos, havia acabado de se formar em técnica de enfermagem. Seu companheiro, Filipe, de 24, trabalhava como gesseiro e motorista de aplicativo. O crime aconteceu no bairro Baldeador, na noite do último domingo, quando o carro onde a família estava foi metralhado.
Filipe e Rayssa morreram na hora. O menino, Miguel Filipe, foi socorrido, em estado grave, para o Hospital Getúlio Vargas Filho, no Fonseca, também na cidade, e depois transferido para o Hospital estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, município vizinho. O bebê foi encaminhado para cirurgia, mas não resistiu.
Segundo informações do 12º BPM (Niterói), o Voyage branco onde estavam as vítimas passava pela Estrada Bento Pestana, quando um a motocicleta emparelhou com o veículo e um dos ocupantes abriu fogo. A mãe ainda teria tentado proteger o bebê, mas os dois acabaram atingidos. O pequeno Miguel foi atingido na cabeça e na coxa.
— Acordamos às 6h com essa notícia e, por enquanto, não sabemos de nada. Passamos ontem o domingo de almoço de família, normal, e aconteceu isso. O Filipe não estava no almoço, estava trabalhando. Isso pegou de surpresa a gente, não sabemos nem o que fazer. Não tenho o que falar — disse Leonardo Murta, tio da mulher morta.
A criança, ainda de acordo com as informações da polícia, ficou com uma bala alojada na cabeça. A ocorrência é investigada pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI).
'Perdi minha filha e meu neto'
Padrasto de Rayssa, Elvis Soares, de 43 anos, é casado com a mãe da jovem há 7 anos e conta que sempre sonhou em ter filhos. O relacionamento lhe proporcionou isso.
— Perdi minha filha e meu neto. Falavam que sou padrasto, mas dizia que não. Sou pai e avô. Agora, tiraram um pedacinho de mim — lamentou.
O sonho de Rayssa, segundo ele, era ser mãe. A família já se preparava para o aniversário de 1 ano de Miguel.
Casa própria
Elvis disse ainda que Rayssa e Filipe — que eram casados havia três anos — pretendiam ter uma casa própria. Atualmente, os dois dividiam o quintal da mãe e do padrasto no bairro Pacheco, em São Gonçalo, mas pagavam aluguel.
Neste domingo, Filipe chegou a comentar com os parentes que pegaria cerca de R$ 5 mil para dar entrada no imóvel que comprariam.
— Ele ia buscar um dinheiro, não sei se do término de um serviço ou se ia buscar um dinheiro emprestado para dar entrada nessa casa — contou o padrasto.
Último contato
De acordo com Elvis, a família passou o domingo junta:
— Às 18h, voltamos para a nossa casa. Só que, às 22h, última hora que tive contato, ela (Rayssa) foi na minha casa com o meu neto para pegar um galão de água. Depois, não tivemos mais notícias.
Ele contou que os parentes foram avisados sobre o que havia acontecido por volta das 4h.
— Acho que a madrasta dele (Filipe) ligou, disse que teve um acidente. Não sei se não queria assustar a gente — lembrou.
Fonte: O Globo Rio