Caso Clarinha: "Ela não vai ser enterrada como indigente", desabafa médico

 

Jorge Potratz, considerado responsável pela "paciente misteriosa", fala sobre os sentimentos de angústia e alegria com a liberação para enterrar Clarinha


Com a informação de que finalmente Clarinha, a paciente misteriosa que ficou em coma durante 24 anos no Espírito Santo, poderá ser enterrada, o médico Jorge Luiz Potratz, que ficou responsável por ela no hospital, desabafa ao falar sobre os sentimentos de angústia e felicidade.

Depois de dois meses da morte de Clarinha, o último teste de DNA para tentar identificar parentes da paciente foi divulgado e deu negativo.

O médico, coronel Jorge Potratz, foi informado pelo Departamento Médico Legal (DML) na manhã desta quinta-feira (9) que o exame mostrou que o último teste de DNA não mostrou compatibilidade com Clarinha.

"Hoje eu fiquei com a sensação de angústia por não conseguir efetivar meu grande objetivo, que era entregar Clarinha para a família, mesmo morta, para ter um desfecho e resgatar a cidadania dela. Mas, estou bem feliz porque a gente vai poder encerrar, mesmo que momentaneamente. Ela não vai ser enterrada como indigente. Vai ter o lugarzinho dela onde poderemos visitar", contou Jorge Potratz ao Folha Vitória.


Agora, o médico espera liberação da Justiça para conseguir retirar o corpo de Clarinha. Ele precisa dessa autorização por não ser familiar dela. Os próximos passos envolvem mais espera para um "velório digno", nas palavras do médico.

Com todos os trâmites que envolvem a Justiça, é provável que o corpo de Clarinha só seja liberado na próxima semana. Além da liberação que o médico precisa para a retirada do corpo, haverá a necessidade de fazer certidão de nascimento tardia e a certidão de óbito.


Empresários se unem para pagar enterro

Ainda de acordo com o médico, um grupo de empresários se ofereceu para custear o enterro de Clarinha. É provável que o sepultamento aconteça na próxima semana, mas ainda sem confirmação de onde será o velório e o enterro.

"Entrei em contato com alguns empresários, que ofereceram ajuda para fazer o enterro. Assim que o corpo for liberado, eles vão cuidar de tudo, marcar a data e tudo mais. Vou providenciar uma lápide com uma dedicatória e fazer uma coisa mais digna para ela, que já sofreu tanto nessa vida", disse.

Mesmo sendo enterrada como Clarinha, a esperança de encontrar a verdadeira identidade da "paciente misteriosa" continua. Isso porque os dados biológicos estarão disponíveis no sistema da Polícia Civil e, mesmo depois de enterrada, outras pessoas podem comparar o DNA com as informações disponíveis.
Relembre o caso

Clarinha foi atropelada no dia 14 de junho de 2000, no Centro de Vitória. Ela foi socorrida por uma ambulância e chegou ao hospital já desacordada e sem nenhum documento.

Ao ser socorrida, a vítima foi levada para o Hospital São Lucas, na capital do Espírito Santo. Um ano depois foi transferida para o Hospital da Polícia Militar, onde ficou por 24 anos até o seu falecimento.


Clarinha realizava cerca de 30 testes de DNA por dia desde quando entrou em coma, mas nenhum deles foi compatível.

Em meio a diversos testes, exames e especulações, a equipe médica de Clarinha descobriu que ela tinha uma marca de cesariana, ou seja, Clarinha era mãe.

Além disso, foram levantadas suposições sobre sua real identidade. Uma das suspeitas era de que Clarinha seria uma bebê sequestrada em 1976 em Guarapari. Mas os exames foram negativos.

A paciente misteriosa morreu no dia 14 de março. Após morte de Clarinha, algumas pessoas procuraram o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Cível de Vitória, ou a Polícia Civil do Estado do Espírito Santo (PCES) informando a possibilidade de parentesco. No entanto, após dois meses realizando testes de DNA, nenhum familiar de Clarinha foi encontrado.


Fonte: Folha Vitória 



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