Grupo fechou a Rodovia do Contorno em Cariacica, Grande Vitória, por uma hora. Eles espalharam peixes mortos pela pista. Os animais começaram a aparecer mortos no Rio Santa Maria no dia 20 de agosto.
Cerca de 20 pescadores fecharam a Rodovia do Contorno em Cariacica, Espírito Santo, e colocaram peixes mortos na pista. O grupo protesta sobre a mortandade de peixes no Rio Santa Maria — Foto: Reprodução/Redes sociais |
Pescadores da região da Ilha das Caieiras, em Vitória, fecharam um trecho da BR-101, na Rodovia do Contorno em Cariacica, na Grande Vitória na manhã desta quarta-feira (28), em protesto pela mortandade de peixes do Rio Santa Maria.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, aproximadamente, 20 pessoas interditaram totalmente a pista por quase uma hora colocando alguns peixes mortos encontrados no rio.
Os pescadores disseram que desde a última semana, mais de uma tonelada de peixes apareceram mortos. O Instituto Estadual do Meio Ambiente (IEMA) investiga o caso.
Pescadores colocaram fogo em pneus
A PRF disse ainda que a manifestação começou por volta das 9h no km 283 da BR-101. Os pescadores também colocaram pneus e atearam fogo na rodovia e um sentido ficou totalmente interditado por quase uma hora.
O grupo protestava com cartazes e vários peixes mortos espalhados pela pista. Os pescadores ficaram no local até às 11h, mas as duas faixas já estavam liberadas.
Mortandade de peixes
Segundo os pescadores, os peixes mortos começaram a aparecer na semana passada, na foz do Rio Santa Maria. Ele gravaram vídeos da situação.
"Desde o dia 20 que a gente não pesca, tomamos um prejuízo grande, ninguém tá pescando. Hoje enchemos uma sacola preta de peixes mortos e trouxemos para o protesto. Perdemos uns R$ 500 por pessoa por semana", disse o pescador a Ilha das Caieiras, Renato Días.
Dentre os animais mortos por causa da contaminação, os pescadores encontraram tainhas, peixe que é considerado um bioindicador de poluição das águas.
"A tainha é muito frágil, em ambientes muito poluídos ela rapidamente morre. É interessante que tem uns peixes que são muito resistentes a poluição e tem uns frágeis, a tainha é um deles. Então quando morre a tainha você pode ter certeza que está acontecendo alguma coisa anormal", pontuou o diretor-geral do IEMA, Mário Louzada.
O diretor do IEMA disse ainda que o órgão recebeu a denúncia no último domingo (25) e que equipes realizaram vistorias na baía de Vitória pela margem, com barco e com drones desde então.
Pescadores levaram peixes mortos encontrados no Rio Santa Maria, no Espírito Santo, para protestar na BR-101 em Cariacica — Foto: Reprodução/Redes sociais |
Louzada disse que em nenhuma das ocasiões foram encontrados peixes mortos. Também foi feita a análise da água com sonda para medir oxigênio dissolvido, e segundo o IEMA, está tudo dentro da normalidade.
O diretor-geral explicou que a maré levou os peixes mortos e o volume de água ajudou a diluir a contaminação.
"Provavelmente esse contaminante pode ter vindo de alguma tubulação de esgoto, alguma coisa parecida, ou então algum derramamento proposital, em alguma região do rio, encontrou esse cardume de peixes e matou os peixes. Mas quando chegou na baía, como ela tem um volume de água muito maior, se diluiu e aí perdeu seu potencial ofensivo e parou a mortandade", pontuou o diretor.
Investigações continuam para determinar causa
A causa da contaminação ainda não foi identificada pelo Iema, que segue investigando e atuando com às prefeituras para verificar se houve alguma contaminação pontual da água por alguma das empresas licenciadas na região.
Assim que a causa da morte de peixes for identificada, o IEMA pode aplicar multas e punir os responsáveis.
"Se conseguirmos chegar a origem do problema, se for uma empresa licenciada pelo município, chamaremos o município e tomaremos as providências em conjunto com a empresa que causou esse dano. Se for uma empresa licenciada pelo estado o IEMA pode interditar e multar a empresa", disse o diretor.
A Prefeitura de Cariacica disse que enviou uma equipe técnica ao local para fazer uma vistoria e ter uma análise mais detalhada da situação. A partir daí, serão tomadas as medidas cabíveis necessárias.
Fonte: G1 ES