Pesquisa sugere que pessoas hipertensas que consomem de meia a uma xícara de café por dia apresentam menor risco de desenvolver demência
Pesquisadores da Universidade Médica de Ningxia, na China, investigam a relação entre o consumo de café ou chá e a redução do risco de desenvolver demência, especialmente em pessoas com pressão alta, e descobriram que o consumo moderado dessas bebidas pode estar associado a um menor risco da doença. A pesquisa foi publicada em 10 de setembro na revista Scientific Reports.
O estudo utilizou dados de mais de 450 mil participantes do UK Biobank, acompanhados por uma média de 15 anos. Aproximadamente metade dos voluntários foi diagnosticada com hipertensão, condição que, segundo os cientistas, pode acelerar o envelhecimento cognitivo e aumentar o risco de demência.
Hipertensos apresentaram menor risco de desenvolver demência
Os resultados sugerem que pessoas hipertensas que consumiam de meia a uma xícara de café por dia apresentavam o menor risco de desenvolver demência, em comparação com aquelas que bebiam seis ou mais xícaras diariamente.
No caso do chá, os participantes que tomavam de quatro a cinco xícaras por dia também tinham um risco reduzido em comparação com aqueles que não bebiam chá.
Os pesquisadores acreditam que a pressão alta desempenha um papel importante na demência. “Indivíduos com hipertensão têm maior probabilidade de desenvolver demência em comparação àqueles sem a condição”, afirmam os cientistas. “A associação estatisticamente significativa entre o consumo de café e chá e o risco de demência foi mais pronunciada em pessoas com pressão alta”, dizem.
Embora os dados sejam promissores, a pesquisa ainda é baseada em correlações e não pode afirmar conclusivamente que o café ou o chá previnem a demência. Mais estudos são necessários para entender os potenciais efeitos das bebidas no cérebro.
Café moído associado a menor risco de demência
Um ponto interessante destacado pelos pesquisadores foi o tipo de café consumido. O café moído, por exemplo, foi associado a um menor risco de demência, enquanto o café descafeinado apresentou um risco maior.
“Diferentes tipos de café têm diferentes níveis de cafeína, com o café moído tendo o maior teor de cafeína, seguido pelo café instantâneo e, por último, o descafeinado”, explicam os autores.
Embora ainda faltem estudos clínicos que comprovem os efeitos do café e do chá no cérebro humano, pesquisas em células e animais sugerem que a cafeína pode reduzir o risco de hipertensão, diminuir inflamações e manter a integridade da barreira hematoencefálica, um fator importante na proteção do sistema nervoso central contra toxinas.
Além disso, tanto o café quanto o chá contêm compostos bioativos com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que podem reduzir o risco de doenças cardiometabólicas, como diabetes e hipertensão. Estas condições, por sua vez, estão ligadas a um aumento no risco de demência.
“Esses benefícios podem retardar a progressão de processos inflamatórios vasculares e o comprometimento da barreira hematoencefálica em pacientes hipertensos, potencialmente retardando o início da doença de Alzheimer”, apontam os pesquisadores.
Embora ainda existam muitas perguntas sem resposta, café e chá têm atraído cada vez mais o interesse de neurologistas, conforme mais evidências surgem sobre seus potenciais benefícios para a saúde cognitiva.
Fonte: Metrópoles