Palmeiras inverte favoritismo e vai a quase 70% de chances de título brasileiro contra 29% do Botafogo


Alvinegro carioca tropeça em casa com empate frente ao Vitória e precisa vencer o confronto direto da próxima terça-feira, no Allianz Parque, para recuperar a liderança do campeonato

A busca do tricampeonato brasileiro está mais viva do que nunca para o Palmeiras. O Alviverde assumiu a liderança na 35ª rodada pela primeira vez na competição e foi de 46,14% para 69,74% de chances de título. Ao vencer o lanterna e rebaixar o Atlético-GO fora de casa, neste sábado, a equipe paulista chegou aos mesmos 70 pontos do Botafogo e ultrapassou o rival por ter 21 vitórias contra 20 dos cariocas.

Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite. Só o Botafogo que não esperava um tropeço no Nilton Santos diante do ameaçado Vitória. Com o empate em casa, a equipe alvinegra caiu de 51,19% para 28,80% nas possibilidades de ser campeão. Uma queda de 22,39 pontos percentuais.

Chances de título após o início da 35ª rodada — Foto: Editoria de Arte


A inversão do favoritismo pode ter sido boa para o Palmeiras, mas as expectativas para o confronto direto entre líder e vice-líder aumentou ainda mais depois das emoções vividas pelas duas equipes e suas torcidas na noite deste sábado. O encontro pela 36ª rodada está marcado para o Allianz Parque na próxima terça-feira, às 21h30 (de Brasília).

Palmeiras, de Estevão, encara o Botafogo, de Cuiabano, pela Libertadores — Foto: Nelson Almeida/AFP

Importante ressaltar que três equipes ainda torcem por um milagre apesar das chances de a taça ir para Palmeiras ou Botafogo estar em 98,54%. Fortaleza (0,83%), Flamengo (0,38%) e Internacional (0,25%) mantêm pequenos percentuais de esperança. Por sinal, o Tricolor cearense e o Rubro-Negro carioca têm um encontro marcado também na terça, no Castelão, que deve deixar o derrotado sem qualquer chance de título; empate é ruim para ambos.

As chances são determinadas por modelos estatísticos aplicados pelo economista Bruno Imaizumi sobre microdados coletados pela equipe do Espião Estatístico desde 2013. Foram analisadas as características de todas as finalizações e resultados de 4.523 jogos de Campeonatos Brasileiros que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da métrica de expectativa de gol (xG), consolidada internacionalmente.

Por exemplo, se uma equipe com desempenhos ofensivos e defensivos apenas medianos será visitante no segundo turno contra adversários que estejam com as melhores performances mandantes, as chances desse visitante vencer são menores do que de um time eficiente e de alta produtividade ofensiva que tem agendados confrontos contra adversários que, neste momento, estejam com os piores desempenhos caseiros.

Porém, conforme novos jogos são disputados, os potenciais futuros mudam, rodada a rodada. Essas são algumas possibilidades que explicam quando as chances não acompanham exatamente as posições atuais da tabela de classificação: os potenciais futuros são diferentes dos resultados já conhecidos, entre outros motivos, devido à inversão de mandos no returno.

Os dados ajudam a calcular o potencial que cada equipe tem para vencer os jogos restantes, considerando mando de campo e outras características ao fazer 10 mil simulações para cada partida a ser disputada.


Metodologia

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.475 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Gustavo Figueiredo, Igor Mattos, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti.


Fonte: GE



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