Emanuel Nascimento dos Santos, de 18 anos, foi baleado pela PM e não resistiu; depois disso, pessoas protestaram na Rodovia Serafim Derenzi
Emanuel Nascimento dos Santos, de 18 anos, morto na região da Grande São Pedro. (Acervo familiar)
Fogo na pista e ônibus depredado na região da Grande São Pedro
Tiros, um jovem morto e manifestações marcaram a noite na região da Grande São Pedro, em Vitória, na quinta-feira (28). Emanuel Nascimento dos Santos, de 18 anos, morreu após ser baleado por policiais militares. Segundo a corporação, ele teria trocado tiros com os agentes. Moradores disseram que ele estava mexendo no celular quando ouviu os tiros e correu. Após o caso, pessoas desceram o morro e atearam fogo em objetos para bloquear a passagem na Rodovia Serafim Derenzi. Dois ônibus foram depredados.
Vídeos que circularam nas redes sociais (confira acima) mostram o fogo no meio da Rodovia Serafim Derenzi. Nas imagens também é possível ver o ônibus da linha 535 (Terminal de Carapina/ Terminal de Campo Grande) com o para-brisa e janelas quebradas.
Versão da família e moradores
A repórter Priciele Venturini, da TV Gazeta, esteve no bairro na manhã desta sexta-feira (29) e conversou com moradores. Eles disseram que Emanuel estava sentado, jogando no celular, quando uma correria começou. "Ele se assustou com o pessoal correndo, olhou para trás e começou a correr também. Ele não sabia se era polícia, se era bandido, por isso ele correu. Nesse momento a polícia disparou nele o tiro", revelou uma mulher, que preferiu não se identificar.
Ela revelou que Emanuel foi socorrido por moradores até o Pronto Atendimento (PA) de São Pedro. "Ele não estava armado, não tem arma, ele não mexe com nada errado. Estamos numa tristeza aqui no bairro", afirmou a mulher.
A mãe do jovem estava no trabalho quando recebeu a notícia. "Olhei no celular e vi várias mensagens dizendo que os policiais subiram o morro e alvejaram meu filho, que estava tomando sorvete e mexendo no celular, com um colega, e foi alvejado nas costas. Não teve troca de tiros, todos lá sabem. Eles estarem procurando outras pessoas, dá o direito de eles chegarem no morro atirando? Encontrar o garoto na rua e meter bala? Ele tem família! Como vai ser minha vida a partir de hoje?", indagou. Ela pediu para não ser identificada.
"Emanuel era uma pessoa muito conhecida no bairro, ele cresceu lá. Tinha muitos amigos. É muito triste, doloroso, eu queria saber até quando a polícia vai chegar no morro desse jeito
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•Mãe"
Versão da PM
A versão da Polícia Militar é diferente. Eles disseram que receberam a informação de que havia um grupo armado planejando um ataque na região de São Pedro e Nova Palestina. Os agentes foram até o mirante de Comdusa e fizeram buscas por becos e escadarias, até que, segundo a corporação, três suspeitos armados atiraram.
"Após cessarem os primeiros disparos por parte dos indivíduos, os militares tentaram avançar no terreno e realizar as buscas pelos suspeitos, que fugiram sentido a parte baixa do morro, porém os indivíduos, ainda em fuga, atiraram para trás, contra as equipes da PMES, no intuito de impedir a progressão dos policiais. A injusta agressão foi revidada", afirmou a PM.
No caminho, foram encontrados uma pistola calibre 9mm e um celular. "A patrulha continuou progredindo na área até chegar na parte baixa do morro, onde obteve a informação que um dos indivíduos que atirou com os integrantes da Força Tática teria caído próximo a uma ladeira e sido socorrido por populares para o Pronto Atendimento de São Pedro."
Os militares foram até o PA. "A equipe médica informou que o indivíduo, de 18 anos, havia ido a óbito. Ele foi reconhecido pelos militares como um dos indivíduos envolvido no confronto", finalizou a corporação.
Manifestação após morte
Em protesto após a morte, pessoas bloquearam a passagem na Rodovia Serafim Derenzi, na altura de Santos Reis, incendiando objetos na via. Dois ônibus foram depredados, segundo a Polícia Militar. "Um coletivo estava próximo a um ponto de ônibus, próximo a uma distribuidora de bebidas, e teve os para-brisas quebrados. O outro veículo estava próximo a um semáforo quando começou a sofrer os ataques. Este coletivo teve dois para-brisas frontais e dois laterais danificados", informou a corporação.
Apesar da PM falar sobre dois ônibus, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) mandou informações apenas sobre um, dizendo que "a empresa responsável pelo coletivo informa que, na noite dessa quinta-feira (28), um ônibus do Sistema Transcol foi apedrejado na Avenida Serafim Derenzi, em Vitória. Não há feridos. Para-brisas e janelas foram atingidos e ficaram destruídos. O ônibus foi enviado para a garagem para reparos".
Em nota, a Polícia Civil disse que "a ocorrência foi entregue na 1ª Delegacia Regional de Vitória. A arma apreendida foi encaminhada para o Departamento de Balística Forense, da Polícia Científica (PCIES), juntamente com as munições e o carregador. O corpo do suspeito foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Científica, em Vitória, para ser necropsiado e, posteriormente, liberado para os familiares. O caso seguirá sob investigação do Serviço de Investigações Especiais (SIE) do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), que investiga ocorrências de confronto com agentes de segurança do Estado".
Fonte: A Gazeta