Todo bebê precisa de colo, carinho e atenção constante. Só que alguns precisam de ainda mais, digamos assim. Entenda o que são os bebês high need, o que esse termo quer dizer, até que idade esse tipo de comportamento costuma durar e o que fazer caso tenha uma criança assim em casa
Você sente que seu bebê chora mais que o normal, tem dificuldades para dormir e precisa de colo o tempo inteiro? Se procurar pelos "sintomas" na internet ou perguntar sobre esse assunto em algum grupo de mães, é provável que em algum momento escute que você pode ter um bebê "high need".
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Esse termo é usado para definir bebês que são "mais exigentes" que a maioria. Mas vamos combinar? Todo bebê precisa de colo, carinho e atenção constante. Só que alguns precisam de ainda mais, digamos assim. É aí que entram os bebês high need.
A seguir, explicamos o que esse termo quer dizer, até que idade esse tipo de comportamento costuma durar e o que fazer caso tenha um bebê assim em casa.
O que é bebê high need?
Em inglês, "high need" significa "alta necessidade". A expressão "bebê high need" foi falada pela primeira vez pelo pediatra americano William Sears. Segundo ele, esses bebês são crianças que exigem dos pais uma atenção muito maior do que as outras.
Para Sears, uma criança pode ser classificada assim se apresenta alguns "sintomas" em específico:
- É intenso
- É hiperativo
- Aparenta estar sempre insatisfeito
- Chora muito de maneira estridente
- Dorme pouco
- Mama muito
- Quer sempre estar em contato com a mãe
Você reconheceu o seu filho? Muitos pais e mães dizem que sim. Mas, na verdade, poucos casos realmente podem ser classificados dessa forma. A maioria dos bebês, principalmente durante os três primeiros meses de vida, apresentam características de bebê high need.
"Os pais é que devem rever suas expectativas. Se você se torna mãe ou pai e espera uma criança que durma a noite inteira, que mame a cada três horas e que chore pouco, as chances de frustração são grandes, porque não é isso que um bebê costuma fazer", explica o pediatra Moises Chencinski (SP), colunista da CRESCER.
Bebê high need: tratamento
Diferente do que alguns pais podem imaginar, um bebê high need não é necessariamente um bebê com um transtorno ou problema de saúde. Geralmente, trata-se apenas de um temperamento mais intenso, que pode tornar a rotina da família mais desafiadora. Mas isso não significa que é preciso ir atrás de um tratamento.
Por isso, tenha cuidado antes de concluir que seu bebê é, de fato, high need. "Cada criança deve ser tratada como um caso único. Algumas realmente choram mais do que as outras, mas isso não significa que elas precisam ser enquadradas em alguma classificação", diz Chencinski.
Para ele, seu filho pode, sim, ter todos os sinais que, segundo Sears, o encaixam no perfil da alta demanda. No entanto, estas indicações podem estar associadas a algum outro quadro.
Uma criança com refluxo gastroesofágico, por exemplo, pode ficar agitada, chorar muito, mamar bastante, querer colo... "O mesmo pode acontecer devido a outros fatores, como o enfrentamento de fases complicadas, como a da separação, quando a mãe se prepara para voltar ao trabalho, a espera de um irmão ou o período de adaptação à escola. Muitos motivos podem desencadear esse comportamento", aponta o colunista da CRESCER.
Contar com um profissional especializado ajuda a afastar essas outras possibilidades, encontrar a verdadeira origem da questão e procurar um tratamento adequado.
Bebê high need: o que fazer?
Lidar com um bebê high need pode ser exaustivo, mas algumas estratégias podem ajudar:
- Atenda às necessidades de contato: esses bebês precisam se sentir seguros. Sling e canguru podem ajudar a manter o bebê próximo sem sobrecarregar os braços dos pais;
- Crie uma rotina previsível: bebês high need costumam reagir mal a mudanças bruscas. Estabelecer horários fixos para alimentação e sono pode trazer mais estabilidade;
- Adote técnicas de relaxamento: música suave, banhos mornos e massagens podem ajudar a acalmar o bebê;
- Busque apoio: compartilhar a jornada com outros pais ou pedir ajuda de familiares pode fazer toda a diferença.
A grande lição é que, antes de classificar seu filho ou de "diagnosticá-lo", é preciso entender que é uma criança. "É normal que ela chore e que tenha exigências. E o pior, quando se trata das que ainda não sabem falar: os pais não contam com um tradutor", lembra o pediatra brasileiro.
Além disso, também é preciso prestar atenção ao que está acontecendo naquele momento, no que aquela criança pode estar tentando comunicar e atendê-la, dentro do que for possível. "Não existe uma fórmula. O que a criança precisa é de carinho, apoio, afeto e vínculo. Isso vai dar a ela uma estrutura sólida para crescer e se tornar um cidadão", ressalta o pediatra.
Até que idade dura esse comportamento? Tem cura?
Bebês high need não estão doentes, portanto, não precisam de "cura". O que acontece é que, com o tempo, essas características podem ir melhorando. Conforme a criança cresce e aprende a se expressar melhor, a intensidade tende a diminuir.
Cada criança tem seu ritmo. Assim como as pessoas têm gostos diferentes, algumas crianças têm como um dos pontos de sua personalidade o fato de exigirem mais atenção, enquanto outras são mais tranquilas. Isso pode mudar com o tempo ou não.
Normalmente, os pais relatam uma melhora significativa por volta dos 2 ou 3 anos, quando a comunicação verbal se desenvolve e a autonomia aumenta. Enquanto isso, paciência e compreensão são essenciais para tornar essa fase mais leve para toda a família.
"Se você vai passear com seu pequeno de 2 anos no shopping e ele se joga no chão, chora e faz birra, isso não significa que ele tem alta necessidade. Ele pode simplesmente não estar maduro o suficiente para fazer esse tipo de passeio. Vale esperar um pouco mais, caso isso seja possível para a família. Para quê forçar?", exemplifica Chencinski.
Fonte: Revista Crescer