Alfabetização digital: mãe cria guia para os pais decifrarem emojis e expressões dos adolescentes


"Anos atrás, o perigo estava lá fora. Agora, muitas vezes, o perigo está dentro de casa, ali, no celular, no fone de ouvido, na tela", disse mãe e comunicóloga. Segundo ela, as pessoas se surpreendem com a quantidade de códigos, siglas e símbolos que fazem parte da linguagem dos jovens hoje — "e, principalmente, com o quanto estamos por fora"

Com a presença cada vez mais frequente de crianças e adolescentes no ambiente digital, cresce a preocupação de pais e educadores em entender a linguagem usada por eles nas redes sociais. Siglas, códigos e emojis formam um vocabulário próprio que, muitas vezes, escapa do olhar dos adultos — como tem mostrado a série Adolescência, da Netflix. Diante deste cenário, a profissional em relações públicas Sefirah Araújo, de 38 anos, decidiu criar um documento que reúne os principais símbolos usados pelos jovens na internet.

A iniciativa veio da combinação entre seu interesse profissional pela comunicação e o desejo de compreender melhor o universo digital frequentado pelas novas gerações. Após assistir à série “O Clube das Babás”, Sefirah se deparou com expressões usadas por personagens mais jovens e passou a investigar o significado desses códigos. Ao perceber que o material reunido poderia ajudar outras pessoas, resolveu compartilhar.

Mãe cria guia para ajudar outros pais a decifrar emojis e expressões usados por crianças e adolescentes — Foto: Canva Pro

Segundo ela, o objetivo é que o guia seja usado como ponto de partida, apoio ou alerta para estimular o diálogo entre adultos e jovens. O material está em constante atualização, com previsão de revisão trimestral. Interessados em contribuir podem preencher um formulário disponível neste link. "Infelizmente, a internet hoje é como uma rua escura: se a gente não estiver junto, prestando atenção, eles [crianças e adolescentes] correm riscos. Anos atrás, o perigo estava lá fora. Agora, muitas vezes, o perigo está dentro de casa, ali no celular, no fone de ouvido, na tela. E o que mais me motivou a montar esse material foi isso: ajudar a acender uma luz para que a gente, como adulto, possa entender melhor esse cenário — com mais clareza, menos julgamento e muito mais diálogo", disse a mãe e comunicóloga, em entrevista à CRESCER.


Como os pais tem recebido os significados dos emojis

Segundo Sefirah, a maior parte do público relatou surpresa diante da quantidade de códigos e da dificuldade em entender a linguagem dos jovens. "Os feedbacks têm sido muito parecidos com a sensação que eu tive enquanto pesquisava: de completo analfabetismo digital em relação a esse universo. As pessoas se surpreendem com a quantidade de códigos, siglas e símbolos que fazem parte da linguagem dos jovens hoje — e, principalmente, com o quanto estamos por fora", relatou.

Entretanto, a comunicóloga faz um alerta: o guia não tem o objetivo de gerar pânico e, sim, apoiar uma vigilância mais consciente. "Nem todo emoji ou expressão tem, isoladamente, uma conotação negativa. Mas é fato que muitos símbolos vêm sendo usados, sim, em contextos obscuros — para disfarçar conversas, sinalizar conteúdos de risco ou até marcar situações de abuso", disse.


Iniciando o diálogo com os adolescentes

A melhor forma de iniciar conversas sobre o uso de símbolos e expressões no ambiente digital com o jovem, segundo Sefirah, é com leveza e curiosidade genuína. A comunicóloga sugere abordagens simples, como perguntar diretamente sobre o significado de um emoji visto em uma mensagem. “Eu ainda não tenho filhos adolescentes, então não posso afirmar que funciona comigo. Mas, pelo que observo, o ideal é evitar qualquer tom acusatório ou interrogatório. É melhor chegar com interesse real”, afirma.

Um exemplo de abordagem, segundo ela, poderia ser algo como: “Vi esse emoji aqui e fiquei curiosa para entender o que significa. Você sabe?” Sem cobranças e sem julgamentos. Apenas uma tentativa sincera de compreender o universo que os filhos estão construindo online.

Ao mesmo tempo, ela reforça que essa escuta não significa abrir mão do acompanhamento. “Tem coisas que não dá para esperar acontecer para só então agir. A internet tem lados perigosos, e muitas vezes as crianças não percebem os riscos.” Portanto, a mãe defende o uso de aplicativos que ajudam no monitoramento das atividades digitais. “Não vejo problema em usar essas ferramentas. Não se trata de invasão, e sim de cuidado.”

Acesse o documento aqui.


Fonte: Revista Crescer




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