Cracolândia vazia? 6 fatores ajudam a explicar fenômeno


A Rua dos Protestantes, tradicional ponto de concentração da Cracolândia, amanheceu com um cenário diferente nesta semana • @cracoresiste


O fluxo praticamente desapareceu na região 

Imagens registram como está a concentração da Cracolândia na região da Santa Ifigênia. 

Agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) fecham a Rua dos Protestantes, no cruzamento com a Rua dos Gusmões, na região central de São Paulo, nessa terça-feira, 13. A via conhecida como Cracolândia, ocupada por usuários de drogas, foi esvaziada repentinamente. Até a semana passada, moradores estimam que cerca de 200 dependentes químicos se amontoavam por ali.
 
Desde o último sábado, locais tidos como as últimas paradas do fluxo de usuários de drogas na chamada cracolândia estão esvaziados. Apesar disso, autoridades de segurança pública da prefeitura de São Paulo e do governo do estado não sustentam que a cracolândia acabou. E há um motivo para isso.

Historicamente o fluxo da cracolândia migra. Isso acontece tanto em ações espontâneas quanto após operações policiais. O grupo de usuários já passou pelas praças Princesa Isabel e Júlio Prestes, pelas ruas dos Gusmões e Helvétia, pelas alamedas Cleveland e Dino Bueno e pela Rua dos Protestantes, que tinha sido a última parada até então.

Imagens das redes sociais mostram o fluxo de usuários na região. Alguns locais são apontados como possível destino de parte das pessoas, como o bairro de Campos Elísios e o elevado João Goulart, o Minhocão. Ativistas e profissionais de saúde que trabalham na região sugerem que as forças de segurança ‘movem’ usuários usando repressão e violência.

Já as autoridades da área, por outro lado, sugerem que as ações tiveram resultados positivos e, consequentemente, o tráfico arrefeceu.

Seis fatores ajudam a explicar o esvaziamento da cracolândia. O primeiro fator apontado é a sequência de ações na favela do Moinho, tida como o QG do PCC que abastece a cracolândia. A CNN revelou que o plano de demolir casas no local tem sido marcado por resistência, tensão e protestos.

As operações do governo teriam provocado um segundo fator, o deslocamento de traficantes e até usuários para outra comunidade, a favela do Gato, próxima dali, de acordo com levantamentos de inteligência.

Desmobilizados, os traficantes teriam deixado de abastecer a cracolândia, o que leva ao terceiro ponto: as drogas passaram a não chegar como antes, nos locais habitados por usuários.

Um quarto fator também explica essa limitação de oferta de itens ilegais: o uso de cães farejadores da Guarda Civil Metropolitana, o que teria contribuído para que o transporte de drogas até o local fosse inibido.

A diminuição da distribuição de drogas pode ajudar a explicar o quinto fator: um aumento significativo das internações de usuários – que bateram recorde nas últimas semanas. Os especialistas explicam que a falta da droga leva à abstinência, que por sua vez impulsiona o aumento das internações.

Há ainda outro ponto destacado: as questões climáticas. Como nas ruas da cidade, os usuários da cracolândia são suscetíveis à mudanças de temperatura. Em dias de muito frio ou muito calor, o número de pessoas nas ruas varia. Neste caso, não houve frio intenso mas, no domingo foi registrada chuva e temperaturas mais geladas. Esse, no entanto, ainda é visto como fator secundário.

Fonte: CNN Brasil



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