Desde 2023, elas representam 52,4% dos profissionais da medicina no estado; tendência deve se repetir em todo o país até o fim deste ano

O Espírito Santo é um dos primeiros estados brasileiros onde as mulheres já são maioria no exercício da medicina. Dados de 2023 apontam que, dos mais de 14,5 mil profissionais ativos na área, 52,4% são mulheres – um índice que ultrapassa a média nacional, onde os homens ainda predominam.
Segundo a professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutora em Medicina Social, Alice Sarcinelli, essa mudança está ligada ao crescimento da presença feminina no ensino superior e à atração por profissões ligadas ao cuidado e ao afeto.
Enquanto especialidades como Engenharia e Segurança Pública continuam atraindo mais homens, as áreas ligadas à saúde despertam maior interesse nas mulheres, por estarem associadas a características tradicionalmente femininas, como o afeto.
A tendência de crescimento feminino na medicina também é perceptível no cenário acadêmico.
Desde 2010, as mulheres já eram maioria entre os alunos de Medicina no Brasil, representando 53,7%, e essa proporção aumentou ainda mais em 2023, chegando a 61,8%. Das 55 especialidades médicas, as médicas estão no topo do ranking em apenas 20.
Segundo a pesquisa Demografia Médica 2025, até o fim deste ano, o país deverá contar com cerca de 636 mil médicos ativos, sendo 51% mulheres.
Cenário da Medicina no Brasil
Na prática, essa presença já se reflete em especialidades como Dermatologia, onde elas predominam e atingem a marca de 80,6%
A médica Daniella Motta, por exemplo, escolheu a Cardiologia como especialidade por paixão. Ela está na reta final de um doutorado na área em que se especializou e se orgulha de ver de perto a mudança acontecendo.
“Foi amor à primeira vista! A Cardiologia me impressiona. Hoje temos mais mulheres no mercado, e mais importante do que isso: boas médicas, humildes, preocupadas com a população”, disse.
Apesar do avanço numérico, a presença feminina ainda enfrenta desafios nos cargos de liderança e gestão na área da saúde.
Alice Sarcinelli, que é head de Saúde da Rede Vitória, chama atenção para esse descompasso:
“Quando falamos em cargos de gestão, como direção de hospitais ou reitorias universitárias, as mulheres ainda não são maioria. A luta agora é por ocupar esses espaços de comando também”.
A expectativa, de acordo com os estudos, é que, em cerca de 10 anos, as mulheres ocupem 55% dos cargos médicos no Brasil.
Fonte: Folha Vitória