Shakespeare, o nome mais influente da literatura ocidental, desafiou perseguições religiosas e moldou a cultura inglesa e mundial

O mundo celebra nesta quarta, 23, a vida e a obra de William Shakespeare, o dramaturgo mais encenado, o poeta mais citado e o escritor mais estudado da história.
O inglês nasceu e morreu na mesma data — 23 de abril, com 52 anos de intervalo, entre 1564 e 1616 —, o que fez dessa data um marco global da cultura literária.
A coincidência inspirou a criação do Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, pela Unesco, em 1995.
Shakespeare nasceu em Stratford-upon-Avon, em uma Inglaterra dominada pelo anglicanismo e hostil à fé católica. Sua família era tradicionalmente católica, com registros de forte devoção — seu pai, John Shakespeare, foi um “recusante”, termo usado para designar católicos que se recusavam a assistir aos cultos da Igreja da Inglaterra.
Apesar da repressão e dos riscos, o jovem William sobreviveu, prosperou e se tornou o maior símbolo literário da nação que perseguiu a religião de sua família.
Seus textos capturam os conflitos, paixões e dilemas morais que atravessam os séculos.
É dele a frase “o mundo inteiro é um palco”, e também a mais famosa meditação existencial da literatura: “Ser ou não ser, eis a questão”.
Shakespeare compreendeu como poucos a alma humana e criou personagens que permanecem vivos porque representam todos nós — Hamlet, Lear, Macbeth, Julieta, Otelo.
Autor de aproximadamente 40 peças e 154 sonetos, Shakespeare é reverenciado não apenas na literatura, mas como um dos pilares da identidade cultural do Ocidente.
Suas obras foram traduzidas para mais de cem idiomas e continuam a influenciar autores, cineastas, filósofos, políticos e artistas em todo o mundo.
Em vida, foi ator, empresário teatral e sócio do Globe Theatre. Sua carreira deslanchou em Londres, onde se destacou mesmo num ambiente competitivo. Enfrentou censura, pragas, incêndios e o fechamento dos teatros, mas consolidou uma obra monumental.
Sua última peça, “A Tempestade”, é interpretada como uma despedida artística — uma confissão poética de que “nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos”.
Shakespeare morreu em sua cidade natal, onde hoje repousa sob uma lápide que ele próprio escreveu: “Bom amigo, por Jesus, abstém-te de cavar o pó aqui encerrado. Bendito o homem que respeitar estas pedras e maldito o que mover meus ossos”.
As homenagens em 23 de abril se espalham por vários países. Em Londres, o Shakespeare’s Globe inicia uma temporada especial.
Em Stratford-upon-Avon, multidões visitam a casa onde nasceu e a igreja onde está enterrado. Escolas, universidades e festivais de teatro promovem leituras, peças, palestras e atividades educativas.
A influência de Shakespeare não se limita ao teatro. A Unesco instituiu 23 de abril também como o Dia da Língua Inglesa, em reconhecimento ao impacto do autor no idioma, ao qual acrescentou centenas de palavras e expressões.
Shakespeare não apenas sobreviveu a seu tempo. Ele moldou o tempo que viria.
Sua obra é a prova de que a genialidade atravessa as perseguições, desafia os regimes e perdura na memória da civilização.
Em um mundo que muda a cada dia, Shakespeare permanece — eterno, universal, insuperável.
Fonte: Crusoé