Rhonda Patrick recomendou substituir caminhada por outro tipo de exercício, que pode até ser realizado ao longo da jornada de trabalho
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A cientista biomédica Rhonda Patrick argumenta que caminhar lentamente por uma hora e meia não produz mudanças significativas na capacidade aeróbica — Foto: Reprodução Instagram
A meta de caminhar 10.000 passos por dia se popularizou como um símbolo de vida saudável em todo o mundo. Entretanto, a cientista biomédica Rhonda Patrick alerta que essa recomendação pode não ser a estratégia mais eficaz para melhorar os principais indicadores de saúde e ampliar a longevidade.
Por que caminhar 10.000 passos por dia é 'perda de tempo'
Segundo a cientista, caminhar longas distâncias nem sempre proporciona benefícios significativos para a saúde metabólica e cardiovascular. Em contrapartida, exercícios mais intensos — como corrida, treino funcional ou musculação — oferecem resultados mais eficazes em menos tempo, especialmente quando o objetivo é melhorar a resistência, a composição corporal e o funcionamento do organismo como um todo.
— Acho que os 10.000 passos deveriam ser substituídos por 10 minutos de exercícios vigorosos por dia — afirmou Rhonda Patrick em entrevista ao podcast School of Greatness.
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Biomédica especializada em envelhecimento saudável, Rhonda Patrick é cofundadora do FoundMyFitness Science Podcast, onde, desde 2012, produz conteúdos científicos voltados à promoção de hábitos saudáveis e longevidade. Sua trajetória acadêmica e profissional inclui um pós-doutorado no Children’s Hospital Oakland, doutorado no St. Jude Children’s Research Hospital, além de formação em bioquímica pela Universidade do Tennessee e pela UC San Diego.
Patrick defende a prática de atividades físicas que realmente aumentem a capacidade cardiorrespiratória e otimizem o metabolismo. Em entrevista ao podcast School of Greatness, ela foi direta.
— Acredito que os 10.000 passos deveriam ser substituídos por 10 minutos de exercício vigoroso por dia — ressaltou a biomédica.
Na visão da cientista, caminhar longas distâncias pode não trazer ganhos significativos nesses aspectos cruciais da saúde, especialmente quando comparado a exercícios mais intensos. Para ela, o foco deve estar na eficiência da atividade física e nos efeitos metabólicos e cardiovasculares que ela gera — e não apenas na quantidade de movimento diário.
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Para sustentar sua posição, Rhonda Patrick citou um estudo que comparou os efeitos de caminhar por 30 minutos com os de realizar 10 agachamentos a cada 45 minutos ao longo de uma jornada de trabalho de oito horas. Segundo ela, a segunda opção foi mais eficaz na regulação da glicose no sangue — um marcador importante da saúde metabólica.
— Caminhar é melhor do que nada, mas não aumenta o VO₂ máximo de forma significativa — afirmou Patrick, referindo-se à medida que indica a capacidade cardiorrespiratória de uma pessoa. Essa métrica está diretamente relacionada à resistência física e à saúde do coração, e tende a melhorar com exercícios mais intensos e desafiadores.
O VO₂ máximo como preditor de saúde e longevidade
A cientista dedicou boa parte da entrevista a explicar por que considera prioritário aumentar o VO₂ máximo — um parâmetro que mede a quantidade máxima de oxigênio que o corpo consegue utilizar durante exercícios intensos. Segundo ela, esse indicador está fortemente ligado à longevidade e à saúde geral.
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O VO₂ máximo é, segundo Patrick, um dos preditores mais confiáveis de longevidade e saúde cardiovascular — Foto: Freepik/Reprodução
Rhonda Patrick também mencionou um estudo clássico conduzido pelo cardiologista Benjamin Levine, que investigou os efeitos do repouso prolongado em jovens saudáveis.
— Após esse período, a capacidade cardiorrespiratória dos participantes despencou mais do que nos 30 anos seguintes de envelhecimento — relatou.
Esse trabalho ainda hoje é uma referência fundamental para compreender o quão rapidamente a aptidão física pode ser perdida na ausência de estímulos adequados.
Magnésio, DNA e prevenção do câncer
Além do debate sobre os 10.000 passos diários, Patrick tem destacado em diversos episódios de seu podcast a importância do magnésio na prevenção de doenças graves. Ela explicou que consumir menos de 75% da ingestão diária recomendada desse mineral está associado a um aumento de 76% no risco de câncer de pâncreas.
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O magnésio está diretamente relacionado com a logenvidade — Foto: Freepik
O magnésio desempenha um papel essencial em centenas de reações bioquímicas no organismo, incluindo a reparação do DNA e a regulação da inflamação — dois processos fundamentais na prevenção do câncer e no envelhecimento saudável. Rhonda Patrick destaca ainda mais a importância desse mineral para a saúde celular e para a prevenção de doenças.
— O magnésio é crucial para evitar danos ao DNA. Sem níveis adequados, as enzimas não conseguem reparar eficazmente as lesões causadas pelo estresse ambiental e metabólico — explicou a pesquisadora.
De acordo com Patrick, uma ingestão maior de magnésio — seja por meio da alimentação ou de suplementos — está consistentemente associada à redução da mortalidade geral e por câncer.
— O efeito protetor é claro e dependente da dose — afirmou.
Essas afirmações reforçam o magnésio como um nutriente chave não só para a saúde metabólica e cardiovascular, mas também para a longevidade e a prevenção de doenças crônicas graves, como o câncer.
Fonte: O Globo