O caso ocorreu em Oregon, nos Estados Unidos. A cuidadora foi considerada culpada por negligência e condenada a dois anos de prisão. Especialista explica sobre o uso do "charutinho"
Envolver o bebê em uma manta leve, simulando o aconchego do útero materno — técnica conhecida como “charutinho” — é uma dica antiga para melhorar o sono do bebê nas primeiras semanas de vida, mas hoje em dia não é considerada uma técnica recomendada para acalmar o bebê. No Oregon, nos Estados Unidos, o uso inadequado da técnica resultou em uma tragédia: a morte de um bebê de 11 meses em agosto de 2022.
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Segundo a emissora local KPTV e o tablóide britânico Mirror, Teresa Louise Biswanath, de 46 anos, cuidava de cinco filhos em sua casa, onde mantinha uma creche sem licença. Naquele dia, ela colocou o bebê para dormir sozinho em um quarto no andar superior da casa.
O bebê foi enfaixado com um cobertor específico para recém-nascidos (que ainda não rolam ou engatinham), teve os braços imobilizados e uma chupeta com um bichinho de pelúcia de cerca de 15 centímetros preso à sua boca. Além disso, ele foi posicionado de bruços na cama — o que contraria todas as orientações atuais sobre segurança do sono infantil.
Ao retornar ao quarto, Teresa encontrou o bebê inconsciente e com a pele azulada. Ela tentou realizar manobras de reanimação antes de seu marido chamar os serviços de emergência. Infelizmente, os socorristas não conseguiram salvar a criança.
Durante a investigação, Biswanath alegou que havia recebido treinamento em práticas seguras de sono durante sua experiência anterior em uma creche licenciada. No entanto, as autoridades do Oregon concluíram que ela violou as normas básicas de segurança, criando um ambiente de risco para a criança.
De acordo com a Autoridade de Saúde do Oregon, medidas de segurança para o sono do bebê incluem:
- Colocar o bebê sempre de barriga para cima;
- Manter berço livre de brinquedos e objetos soltos (incluindo bichos de pelúcia e travesseiros);
- Acompanhar o sono de perto, nunca deixando o bebê sozinho por longos períodos.
Teresa Biswanath foi condenada por homicídio culposo por negligência. A pena inclui dois anos de prisão, três anos de supervisão após o cumprimento da pena, proibição de exercer atividades relacionadas ao cuidado de crianças e impedimento de contato com a família da vítima.
O que dizem os especialistas sobre o uso do “charutinho”
A pediatra Ana Maria Escobar, colunista da CRESCER, explica que o “charutinho” — técnica que consiste em enrolar suavemente o corpo, os braços e as pernas do bebê com uma manta — tem o objetivo de reproduzir a sensação de acolhimento do útero. “Parece funcionar em bebês de até 1 mês. No entanto, tem alguns riscos e, por isso, não há um consenso sobre o uso", diz.
“Se não for feito com cuidado, pode causar aumento da temperatura corporal (hipertermia), prejudicar o desenvolvimento do quadril (displasia) e ainda impedir que o bebê se mova, como levar a mão à boca ou coçar os olhos”, explica.
Além disso, o maior risco é quando o bebê já é capaz de rolar sozinho — o que, geralmente, acontece entre 2 e 4 meses de vida. Nessa fase, o enfaixamento pode se tornar perigoso.
Fonte: Revista Crescer