Fios brancos não previnem o câncer, mas indicam um mecanismo natural de proteção, aponta pesquisa
Embranquecimento funciona como uma forma de remover células potencialmente nocivas ao organismoUnsplashUm estudo japonês publicado na primeira semana de outubro na revista Nature Cell Biology sugere que o embranquecimento dos cabelos pode estar relacionado a um mecanismo natural de proteção contra o câncer. Pesquisadores da Universidade de Tóquio investigaram como as células-tronco dos melanócitos, responsáveis pela pigmentação dos fios, respondem a diferentes tipos de danos ao DNA e descobriram que elas podem seguir destinos divergentes, influenciando tanto o envelhecimento capilar quanto a predisposição ao câncer.
As células-tronco dos melanócitos (McSCs) residem nos folículos pilosos e geram melanócitos maduros, mantendo a pigmentação ao longo da vida. A equipe liderada pela professora Emi Nishimura e pelo professor assistente Yasuaki Mohri utilizou rastreamento de linhagem in vivo em camundongos e análise de expressão gênica para identificar como essas células reagem a danos genéticos.
O estudo mostrou que as McSCs expostas a quebras de fita dupla do DNA entram em um processo chamado senodiferenciação, no qual se separam irreversivelmente e são eliminadas. Esse mecanismo, acionado pela via p53-p21, leva ao embranquecimento dos cabelos e funciona como uma forma de remover células potencialmente nocivas do organismo.
Em contrapartida, quando as McSCs são expostas a carcinógenos como 7,12-dimetilbenz(a)antraceno ou radiação ultravioleta B, elas contornam a senodiferenciação e continuam se autorrenovando. Esse processo é apoiado pelo ligante KIT, produzido pelo nicho local e pela epiderme, permitindo que as células se expandam e aumentem o risco de formação de tumores.
Nishimura explica que “essas descobertas revelam que a mesma população de células-tronco pode seguir destinos antagônicos dependendo do tipo de estresse e dos sinais microambientais”. Ela acrescenta que “isso reformula o envelhecimento capilar e o melanoma não como eventos não relacionados, mas como resultados divergentes das respostas das células-tronco ao estresse”.
O estudo ressalta que o envelhecimento dos cabelos não previne diretamente o câncer, mas indica que a senodiferenciação é uma via protetora que elimina células potencialmente prejudiciais. Quando esse mecanismo é contornado, a persistência de células danificadas pode favorecer o desenvolvimento do melanoma.
Fonte: R7

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