Investigações da DHPP da Serra apontam que cinco crimes estão relacionados ao tráfico de drogas no bairro Jardim Carapina, e um foi por motivo fútil
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Suspeitos de homicídios ocorridos em 2024, no bairro Jardim Carapina, na Serra Crédito: Divulgação | Polícia Civil |
Seis assassinatos ocorridos no bairro Jardim Carapina, na Serra, em 2024, foram elucidados pela Polícia Civil. As investigações, cujos detalhes foram divulgados nesta quinta-feira (30), resultaram na identificação de 16 suspeitos – um deles adolescente–, e 10 já estão presos. A maioria dos crimes está relacionada ao tráfico de drogas.
Segundo o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, delegado Rodrigo Sandi Mori, as investigações começaram em abril do ano passado e foram concluídas em julho deste ano. Três homicídios são atribuídos à quadrilha liderada por Lázaro Silva Muniz, de 28 anos, conhecido como Popeye, e outros dois à organização chefiada por Matheus Farias Pacheco Souza, de 26 anos, o Boca Preta.
Suspeitos de cometer seis assassinatos em bairro da Serra
1 - Porteiro assassinado em 7 de abril de 2024
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Pablo Diógenes Sarmento da Silva dos Santos. Motivo da morte: tráfico de drogas Crédito: Divulgação | Polícia Civil |
Entre os casos divulgados pela Polícia Civil, o primeiro ocorreu em 7 de abril de 2024. O porteiro Pablo Diógenes Sarmento da Silva dos Santos, de 29 anos, saiu de casa em Vitória após receber uma ligação e foi até Jardim Carapina, onde foi executado a tiros. Foram indiciados pelo crime:
- Felipe Barreto de Assis, de 27 anos, vulgo Barretinho - É apontado como executor. Está preso;
- Wiglisson Lima Cardoso, de 23 anos - Também apontado como executor. Foi assassinado em 29 de maio de 2024;
- Agatha Joyce da Silva Nascimento, de 20 anos - Apontada como intermediária. Responde em liberdade.
Segundo o delegado Rodrigo Sandi Mori, embora trabalhasse como porteiro, Pablo integrava a facção Terceiro Comando Puro (TCP), rival do Primeiro Comando de Vitória (PCV), que domina a região de Jardim Carapina. Os criminosos desconfiavam que ele tivesse envolvimento na morte de um homem no Morro do Cruzamento — tio de Agatha Joyce, que mantinha um relacionamento com Pablo.
Felipe e Wiglisson ofereceram R$ 5 mil a Agatha para atrair o porteiro até o bairro e ela aceitou. No dia do crime, a jovem chamou Pablo, e quando ele chegou à região, enviou um vídeo mostrando onde estava. Ela avisou Felipe e Wiglisson, que foram ao local e o mataram a tiros.
Felipe e Agatha chegaram a ser presos, mas ela foi liberada para responder em liberdade. Wiglisson foi assassinado pouco mais de um mês depois, no mesmo bairro. Eles foram indiciados por homicídio qualificado por motivo torpe, perigo comum e impossibilidade de defesa da vítima.
2- Morto por devedor do tráfico
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Luiz Henrique Batista da Silva. Motivo do assassinato: tráfico de drogas Crédito: Divulgação | Polícia Civil |
O segundo caso ocorreu em 27 de abril de 2024. Luís Henrique Batista da Silva, de 24 anos, foi assassinado a tiros assim que chegou ao bairro Jardim Carapina para comemorar o aniversário da avó. Os suspeitos do crime são:
- Everton Júnior Pena Nunes, de 20 anos, vulgo Goe - Apontado como executor. Está preso;
- Matheus Farias Pacheco Souza, de 26 anos, vulgo Boca Preta - Também apontado como executor. Está foragido no Rio de Janeiro;
- Um adolescente (não identificado, conforme prevê a legislação) - Apontado como executor. Aguarda decisão judicial para internação.
O delegado explicou que a motivação do crime foi uma dívida de drogas que Matheus tinha com a vítima. Para não pagar, ele se uniu a Everton e ao adolescente e o trio matou Luís Henrique com tiros e pauladas. O jovem tentou fugir por uma área de mangue, mas acabou alcançado. Os três foram indiciados por homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
3- De executor a vítima
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Wiglisson Lima Cardoso, 23 anos (executor). Foi assassinado em 20 de maio de 2024 Crédito: Divulgação | Polícia Civil |
O terceiro homicídio elucidado pela Polícia Civil foi o de um dos assassinos do porteiro Pablo. Wiglisson Lima Cardoso foi morto em 29 de maio de 2024, em Jardim Carapina. Suspeitos identificados:
- Lázaro Silva Muniz, de 28 anos, o Popeye - Apontado como mandante. Está preso;
- Marlon Nascimento da Conceição, de 23 anos, vulgos Marlin e Marrom - Apontado como intermediário. Está preso;
- Marcos Antônio Rosa dos Santos, de 32 anos, vulgo MK - Também apontado como intermediário. Está foragido no Rio de Janeiro;
- Daniel Bredoff Firmino, de 27 anos, o Ceará - Apontado como executor. Está preso;
- João Gabriel Costa Vieira, de 25 anos, o GB - Também apontado como executor. Está preso.
O delegado Rodrigo Sandi Mori afirmou que Lázaro, chefe do tráfico na região, ordenou a execução após descobrir que Wiglisson havia participado de um ataque contra integrantes da própria facção na região de Capuaba, em Vila Velha.
“Wiglisson pertencia ao PCV e também era aliado deles, tanto que participou do homicídio do Pablo. Porém, ele teria participado de um ataque na região de Capuaba, em Vila Velha, contra integrantes da própria facção em que atuava e isso chegou até Lázaro”, explicou o delegado.
4- Morto por ciúmes e por dívida do tráfico
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João Paulo Medeia Damacena. Motivo do assassinato: tráfico de drogas Crédito: Divulgação | Polícia Civil |
Em 15 de novembro de 2024, João Paulo Medeia Damacena foi assassinado por motivos ligados a ciúmes e dívidas do tráfico. A vítima devia dinheiro de drogas a Luiz Gustavo de Souza Sobrinho, o Gustavinho, de 21 anos, e se relacionava com uma jovem que já havia tido um envolvimento com ele.
Gustavinho forneceu uma arma a Júlio César Lima Anatório Vieira Cabidelle, de 21 anos, o Menor Capeta, que invadiu a casa de João Paulo durante a madrugada e o executou enquanto ele dormia no sofá. Foram indiciados pelo crime:
Luiz Gustavo de Souza Sobrinho, vulgo “Gustavinho”, 21 anos (Executor). Está preso;
Júlio César Lima Anatório Vieira Cabidelle, vulgo “Menor Capeta”, 21 anos (Executor). Está morto.
5- Morto por ser informante de rivais
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Raulino Souza Dias. Motivo do assassinato: tráfico de drogas Crédito: Divulgação | Polícia Civil |
Raulino Souza Dias foi morto em 19 de novembro de 2024, após passar informações a um traficante rival de Lázaro – o mesmo citado como mandante no homicídio de Wiglisson, caso 3. Ao descobrir, o criminoso ordenou a execução e designou Talysson Filipe Lima da Silva, de 20 anos, o Talyssinho, e Adriano Contes Silva, de 26 anos, o Gugu, para cometerem o crime. A vítima foi executada a tiros na frente da mãe, que chegou a implorar pela vida do filho. Foram indiciados:
- Lázaro Silva Muniz, de 28 anos, o Popeye - Apontado como mandante. Está preso;
- Talysson Filipe Lima da Silva, de 20 anos, o Talyssinho - Apontado como executor. Está preso;
- Adriano Contes Silva, de 26 anos, o Gugu - Também apontado como executor. Está escondido no Rio de Janeiro.
O delegado destacou que Lázaro é “um indivíduo de alta periculosidade” e que, além de ordenar execuções, também ameaçava moradores que se opunham às regras impostas por ele.
6- Assassinato por motivo fútil
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Robson de Oliveira Gomes. Motivo do assassinato: fútil Crédito: Divulgação | Polícia Civil |
Diferente dos outros cinco casos, Robson de Oliveira Gomes foi morto por motivo fútil, sem relação com o tráfico de drogas. Embriagado, ele teria importunado Uadson Gomes Santos, de 58 anos, o Tim, que se irritou, foi em casa, pegou uma arma e matou a vítima na rua, no dia 20 de novembro de 2024.
“Ele (Robson) sempre ficava importunando, brincando com o executor. Nesse dia, estavam em um bar, a vítima continuou zombando dele, e Uadson se irritou, buscou uma arma em casa e o matou”, relatou Rodrigo Sandi Mori, chefe da DHPP da Serra. Uadson está preso.
Fonte: A Gazeta








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