Quem era o traficante do ES morto em megaoperação no Rio de Janeiro


Alisson Lemos Rocha, o “Russo”, chefiava o tráfico em bairros da Serra e fugiu para o Complexo do Alemão após participar de um homicídio

Alisson Lemos Rocha, vulgo como “Russo” ou “Gordinho do Valão”, de 27 anos, foi morto em megaoperação no Rio de Janeiro nesta terça-feira (28) Crédito: Divulgação | Polícia Civil

Foragido do Espírito Santo desde abril deste ano por homicídio, Alisson Lemos Rocha, de 27 anos, conhecido como "Russo", chefiava o tráfico da Serra a distância até ser morto na megaoperação policial contra o Comando Vermelho, nessa terça-feira (28) nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. A medida, considerada uma das mais letais do Estado fluminense, matou 64 pessoas, entre bandidos, moradores das comunidades e policiais.

Também apelidado de “Gordinho do Valão”, o capixaba era uma das principais lideranças do crime em Barro Branco e Parque Residencial Mestre Álvaro. Também tinha ligação com facções de Nova Carapina. Era considerado uma pessoa extremamente perigosa, segundo o delegado Pedro Henrique, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) do município serrano.

O delegado explica que Alisson deixou o território capixaba logo após o assassinato de Rafael Alexandre da Cruz, de 25 anos, no dia 12 de abril. O crime aconteceu na Avenida Salvador, em Parque Residencial Mestre Álvaro, e teria sido motivado por desavenças pessoais ligadas ao tráfico. “Ele fugiu para o Rio logo depois do homicídio porque sabia que seria preso”, explicou o delegado.


Execução filmada

O corpo de Rafael foi encontrado no dia seguinte em um imóvel, com um tiro no ombro. De acordo com as investigações, o crime foi cometido por Alisson, Júlio Cesar Lima Anatório Vieira Cabidelle, o “Juninho Capeta”, de 19 anos, e Hérick Vicente Souza, o “Da Roça”, de 26 anos.

As câmeras de segurança da região registraram o momento em que o grupo perseguiu a vítima. Segundo o delegado, Rafael percebeu que estava sendo seguido, correu em direção à praça do Mestre Álvaro, mas foi atingido. “O local estava cheio, era um sábado à noite, e o crime colocou várias pessoas em risco. A perícia constatou um único disparo de arma de fogo. Provavelmente, ele agonizou durante a noite”, destacou Pedro Henrique.

(À esquerda) Júlio Cesar Lima Anatório Vieira Cabidelle, vulgo "Juninho Capeta", de 19 anos; e Hérick Vicente Souza, vulgo "Da Roça", de 26 anos (à direita) Crédito: Divulgação | Polícia Civil

O delegado detalhou ainda que, no local do crime, estavam os três suspeitos. Ao reconhecer o Rafael, com quem tinha desavenças antigas relacionadas ao tráfico, Russo teria decidido cometer a execução. “Foi então que ele ordenou, não pediu, ordenou, que o Juninho entrasse no carro com uma submetralhadora caseira, e que o Da Roça o acompanhasse. O Alisson assumiu a direção do veículo, foi até a vítima e iniciou a perseguição”, disse Pedro Henrique.

Durante as investigações, conforme informado pelo delegado, surgiu uma versão de que o crime teria sido motivado por rixa antiga, porque a vítima teria matado um amigo próximo do Alisson. “No entanto, essa versão não se sustenta diante dos elementos apurados. Acreditamos que isso foi usado como plano de fundo para esconder a motivação real, que era o tráfico de drogas, caracterizando o crime com motivação torpe”, concluiu o delegado,


Liderança e influência no tráfico

Pedro Henrique aponta que, embora não exercesse a cadeia mais alta de comando do Primeiro Comando de Vitória (PCV) ou do Comando Vermelho, Russo tinha uma atuação muito constante no bairro Barro Branco, que, por sua vez, tem conexão direta com a região de Nova Carapina, considerada uma das mais fortes no tráfico de drogas no município da Serra.

A chefia do tráfico nos bairros serrano foi apontada durante investigações. “Nós tivemos essa confirmação quando o Hérick foi preso, em 10 de agosto deste ano, por tráfico de drogas e porte ilegal de arma. Durante o interrogatório, ele confirmou que seguia ordens diretas do Alisson”, afirmou o delegado, ao acrescentar que a fuga para o Estado do Rio de Janeiro tem sido uma prática comum, pois as lideranças do tráfico buscam refúgio para escapar da prisão.

Depois do crime em abril, a situação dos três suspeitos tiveram desfechos diferentes. “Juninho morreu em confronto com a Polícia Militar em maio deste ano, um mês depois do homicídio. O Da Roça foi preso em agosto, em Barro Branco, com uma arma de fogo e uma grande quantidade de maconha. A arma foi apreendida pela PM na semana do homicídio e deu positiva na perícia balística como sendo a usada no crime”, esclareceu Pedro Henrique.

De acordo com a polícia, na época da fuga, Alisson ainda não tinha mandado de prisão em aberto, mas isso mudou depois da conclusão do inquérito. O criminoso nunca deixou de ser monitorado pela polícia.

Fonte: A Gazeta



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