Vídeo em que profissional critica veículo teve mais de 12 milhões de visualizações, porém foi retirado do ar. Especialista comenta se empresas podem punir funcionários por posts nas redes pessoais
Vendendor foi demitido após dizer em vídeo que ninguém se interessa em comprar o modelo do carro — Foto: Reprodução / TikTokUm vídeo de 35 segundos publicado no TikTok foi o suficiente para mudar completamente a rotina de um vendedor de carros nos Estados Unidos. Ali, conhecido nas redes pelo perfil @keys.approvals, viralizou ao afirmar que o Nissan Leaf é o carro mais rejeitado pelos clientes. A publicação ultrapassou 12 milhões de visualizações e, pouco tempo depois, ele diz ter sido demitido da concessionária onde trabalhava. Apesar de a empresa não ter confirmado oficialmente o motivo, ele acredita que o conteúdo do vídeo foi determinante para sua saída.
Na gravação, ele comentou que há um modelo que, por mais desesperado que o cliente esteja para comprar um carro, ele sempre recusa. Sem citar o nome do veículo no início, ele explica que o modelo não agrada ninguém. Ao final do vídeo, a imagem do Nissan Leaf aparece discretamente, revelando sobre qual carro ele estava falando.
A repercussão foi imediata. Nas redes sociais, muitos usuários concordaram com a opinião do vendedor, enquanto outros alertaram para os riscos de criticar abertamente o próprio produto que se vende.
Poucos dias depois, Ali apareceu em outro vídeo, agora dizendo que havia sido dispensado da empresa. Segundo o profissional, ele foi chamado para uma conversa no escritório e ouviu que seria desligado. A justificativa oficial teria sido "desempenho", mas o ex-funcionário acredita que o vídeo viral foi o verdadeiro motivo da demissão.
O episódio reacende uma discussão cada vez mais presente: um funcionário pode ser demitido por algo que posta em seu perfil pessoal, fora do horário de trabalho? De acordo com especialistas, sim. Em muitos países, incluindo os Estados Unidos, onde o caso aconteceu, empresas podem demitir funcionários por conteúdos publicados online, especialmente se sentirem que a imagem da marca foi afetada.
Mesmo que a postagem tenha sido feita fora do expediente e em perfil pessoal, as redes sociais são públicas, e empresas estão cada vez mais atentas ao comportamento digital de seus colaboradores.
Segundo o especialista em gestão de carreira e recolocação profissional Claudio Riccioppo, ao trabalhar representando uma marca, é preciso também acreditar nela ou, pelo menos, respeitá-la. Riccioppo explica que nem sempre o produto vendido será o melhor do mercado, mas o papel do funcionário é defender a empresa da melhor forma possível. Ele destaca que o que está em jogo não é apenas uma opinião pessoal, mas sim a responsabilidade de zelar pela imagem do negócio que se representa.
Na visão do especialista, se o profissional não acredita mais no produto que vende, o mais correto seria pedir demissão e procurar outra oportunidade, até mesmo em uma concorrente. Criticar abertamente a marca ou um produto nas redes sociais, especialmente com grande alcance, pode ser interpretado como quebra de confiança e até de lealdade.
No Brasil, situações como essa poderiam até justificar uma demissão por justa causa, com base no artigo 482 da CLT, que permite o desligamento quando há conduta incompatível com a continuidade da relação de trabalho. Quando um conteúdo público afeta a reputação da empresa ou gera desconfiança entre os consumidores, existe um dano que o empregador tem o direito de tentar evitar.
O especialista defende que ainda é preciso cautela na hora de publicar opiniões sobre o próprio ambiente de trabalho. Por mais legítimo que seja ter uma crítica ou uma frustração, a forma e o canal escolhidos para expor isso fazem toda a diferença.
Fonte: PEGN

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