Se pessoa está se doando demais em uma relação pode estar oferecendo mais do que tempo, atenção e energia emocional

A tendência de “se doar demais” transcende os gestos de generosidade pontuais. Segundo o psicólogo Mark Travers, trata-se de uma conduta contínua de oferecer mais do que é saudável ou sustentável, que abrange tempo, atenção, energia emocional e até perdão.
Mas existem três sinais que uma pessoa está se doando demais em uma relação. O equilíbrio entre dar e receber é um fator chave para a estabilidade emocional e pode ser que o amor fique por um fio.
Esse estudo baseado em 795 casamentos revelou que a percepção do esforço próprio influencia diretamente a qualidade do vínculo e o risco de separação. Quando apenas uma pessoa investe de forma sustentada, é provável que surjam o desgaste, a insatisfação e com o tempo, a deterioração da relação.
3 sinais de que uma pessoa está se doando demais em uma relação
1) Ressentimento nas relações
O ressentimento costuma ser o primeiro sinal para saber se uma pessoa está se doando demais em uma relação. Um estudo de 2022 demonstrou que é comum se sacrificar pelo parceiro mesmo sem esperar retribuição imediata.
Em uma pesquisa de laboratório, os participantes suportaram mais dor física pelo parceiro do que por um amigo, o que evidencia que o sacrifício amoroso pode surgir de um vínculo profundo e não apenas de uma troca equitativa.
Mas quando esse esforço passa despercebido ou se torna unilateral, o custo emocional se acumula. Muitas pessoas que dão mais do que recebem o fazem na esperança de serem amadas mesma medida.
Entre os conselhos práticos que Travers destacou, propõe-se observar próprios padrões de generosidade. Um exercício útil consistem em prestar atenção a como se sente após se doar na relação: há gratidão, esgotamento ou sensação de invisibilidade? Essa auto-observação ajuda a se reconectar com os próprios valores e necessidades.
2) Culpa ao expressar necessidades
Um outro sinal que uma pessoa está se doando demais em uma relação é a culpa por manifestar necessidades pessoais é outro indicador entre quem dá em excesso.
Essas pessoas tendem a minimizar suas emoções, dizer “sim” quando desejam dizer “não” e priorizar as necessidades alheias sobre as próprias. Muitas vezes predomina a crença de que o amor é conquistado através do sacrifício.
Segundo um estudo no Journal of Personality analisa a “consideração positiva condicional”, ou seja, o afeto oferecido apenas se certas expectativas forem cumpridas.
Se a pessoa está se doando demais em uma relação, essa dinâmica tem a ver com menor satisfação emocional, uma vez que enfraquece a autonomia e a sensação de ser aceito como se é.
Quem cai nesse padrão costuma sentir culpa ao pedir apoio ou espaço, por temor de parecer egoísta ou perder afeto. O psicólogo aconselhou questionar se expressar o que se precisa realmente prejudica alguém. Se não for o caso, convém agir de qualquer forma: essa prática, conhecida como “ação contrária”, fortalece a autoestima e valida as próprias necessidades.
3) Supercompensação
Um outro padrão de que a pessoa está se doando demais em uma relação é a supercompensação é impulsionada pelo medo de não ser suficiente e se doar demais em um relacionamento.
Nesse estudo de 2025 baseado em mais de mil jovens adultos, identificou um temor mais comum de não estar à altura, seguido pela perda de autonomia e medo de ser controlado ao se doar demais em um relacionamento.
Travers propõe questionar os próprios motivos: “Estou tentando reconquistar a outra pessoa?”, “Eu continuaria fazendo isso se me sentisse seguro?”.
Se o esforço de se doar em um relacionamento provém mais do medo do que do desejo genuíno de se conectar é hora de parar e redirecionar a energia para si mesmo.
Como sair do padrão
Para quem se identifica em ser a pessoa está se doando demais em uma relação, Travers dá algumas recomendações: o primeiro passo é desacelerar e observar os próprios impulsos de generosidade.
O primeiro passo é desacelerar e observar os próprios impulsos de generosidade. Antes de agir, convém perguntar-se se o gesto nasce de uma necessidade genuína ou do desejo de aprovação.
Um exercício concreto consiste em registrar por vários dias como se sente antes e depois de ajudar. Isso permite detectar se a ação surge do desejo autêntico ou da busca por validação externa.
Algumas perguntas úteis que o especialista propõe:
Estou dando porque realmente desejo ou para me aproximar do outro?
Espero algo em troca?
Continuaria fazendo isso se nada mudasse?
Segundo o psicólogo, construir vínculos mais seguros começa com a autoconsciência: observar as emoções, entender as motivações e validar as próprias necessidades. Sacrificar o bem-estar pessoal para manter um relacionamento não é sustentável.
Fonte: ND Mais