Cientistas descobrem como cobras digerem ossos inteiros

Pítons birmanesa — Foto: Cvmontuy via Wikimedia Commons

Uma pesquisa realizada com pítons birmanesas (Python bivittatus) revelou a existência de um tipo de célula intestinal anteriormente desconhecido, responsável por absorver completamente os esqueletos de presas. O estudo foi publicado no Journal of Experimental Biology e acaba de ser apresentado na Conferência Anual da Sociedade de Biologia Experimental.

A maioria dos animais carnívoros e onívoros não consomem ossos. No entanto, as cobras (e outros répteis) abocanham suas presas inteiras. Elas têm deficiência de cálcio se não comerem ossos, mas ingerir uma presa inteira poderia ter o efeito contrário. “Queríamos identificar como eles eram capazes de processar e limitar essa enorme absorção de cálcio através da parede intestinal”, diz Jehan-Hervé Lignot, professor da Universidade de Montpellier e um dos autores do estudo, em um comunicado da Sociedade de Biologia Experimental.

Ele e sua equipe analisaram as células do revestimento intestinal de pítons birmaneses, usando microscopia e medições de cálcio no sangue e nos hormônios. “Uma análise morfológica do epitélio da píton revelou partículas específicas que eu nunca tinha visto em outros vertebrados”, diz Lignot. Essas partículas foram encontradas dentro da “cripta” interna de células responsáveis pela digestão.

Para avaliar a função dessas partículas, as células intestinais das pítons foram analisadas depois de elas serem alimentadas com três dietas diferentes: normal (com roedores inteiros), de baixo cálcio (com presas sem ossos) e rica em cálcio (com injeções de cálcio).

Os pesquisadores descobriram que, quando alimentadas com presas sem ossos, as partículas não eram produzidas. Elas só apareciam na cripta celular quando as cobras ingeriam roedores inteiros ou recebiam injeções de cálcio. Nenhum fragmento ósseo foi encontrado nas fezes da píton, confirmando que os esqueletos eram sempre completamente dissolvidos dentro do corpo.

Posteriormente, essa nova célula especializada na digestão de ossos, também foi identificada em várias outras espécies de pítons e jiboias, bem como no monstro-de-gila, um lagarto da América do Norte.

Fonte: Galileu


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