Presidente dos EUA afirma que medida foi motivada 'pelos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão'
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Jair Bolsonaro e Donald Trump, à época presidentes do Brasil e dos EUA, durante jantar no resort de Mar-a-Lago — Foto: Alan Santos
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros por acreditar que há perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro é avaliada como errada por 72% da população. É o que revela pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16).
Outros 19% acreditam que o americano está certo ao anunciar a medida econômica, e 9% não sabem ou não responderam. Em uma carta publicada na sua rede social, Truth Social, o americano afirmou que o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente por suposta participação na trama golpista "não deveria estar acontecendo".
Segundo o republicano, a taxação — que começará a valer a partir de 1° de agosto — foi motivada também "pelos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos", citando, além de Bolsonaro, uma suposta "censura" contra Big Techs americanas.
A Quaest mostra que 57% dos brasileiros avaliam que Trump não tem "direito" de criticar o processo em que Bolsonaro é réu. Outros 36% entendem que o presidente dos Estados Unidos tem essa prerrogativa, e 7% não sabem ou não responderam.
A pesquisa ouviu 2.004 brasileiros entre os dias 10 e 14 de julho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, e o nível de confiança é 95%.
Resposta de Lula
A resposta do governo federal à tarifa dividiu os brasileiros, segundo a pesquisa. Para 44% da população, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT estão fazendo o que é "mais certo" no embate contra o governo americano, segundo a pesquisa. Já 29% pensam o mesmo sobre Bolsonaro e aliados.
Na terça-feira, o governo brasileiro sancionou a Lei da Reciprocidade, que autoriza medidas equivalentes às impostas por outros países.
Na semana passada, Trump já havia enviado uma carta a Lula, também divulgada nas redes, acusando o governo brasileiro de “ataques insidiosos” à democracia americana. Em resposta, o petista classificou as ameaças como “desrespeitosas” e afirmou que a diplomacia não pode ser substituída por vídeos ou postagens na internet. O presidente também declarou que o Brasil responderá “com firmeza” a qualquer tentativa de intimidação ou violação de sua soberania.
A resposta do governo brasileiro tem sido pelo caminho do diálogo. Um comitê interministerial foi instaurado e promove reuniões com empresários do setor privado.
União pelo Brasil
Aproximadamente três quartos (74%) dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendem uma união entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a oposição contra a tarifa americana, mostra a pesquisa. Já 17% dos bolsonaristas são contrários ao movimento, 3% são indiferentes, e 6% não sabem ou não responderam.
Neste Momento, governo e oposição deviam se unir em torno da defesa do Brasil:
O apoio em torno da "defesa do Brasil" é ainda maior na média nacional. Para 84% dos brasileiros, este é o movimento correto para enfrentar a medida econômica americana, enquanto 9% são contra, 2% indiferentes e 5% não sabem ou não responderam.
O pensamento de que a união é o caminho correto é compartilhado por 93% dos petistas. Já 6% são contrários ao movimento, e 1% não sabe ou não respondeu.
Fonte: O Globo