José Alonso Rodriguez começou a produzir mel após cortar o açúcar da alimentação. Espírito Santo tem cerca de 250 apicultores organizados em associações, segundo o Incaper
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José Alonso Rodriguez começou a produzir mel após se tornar vegetariano e cortar açúcar da alimentação Crédito: Ari Melo/ TV Gazeta |
Um produtor rural de Cariacica, na Grande Vitória, decidiu trocar o açúcar pelo mel para melhorar a saúde e acabou criando um negócio que já dura há mais de 40 anos. José Alonso Rodriguez passou a cultivar abelhas em casa e transformou a produção de mel em uma fonte de renda lucrativa.
"Eu ficava mais de uma semana doente, era a coisa mais difícil de melhorar. Então eu pensava: 'Tenho que mudar esse estilo de vida para ser mais feliz'. Foi onde eu mudei a minha alimentação e me tornei vegetariano. Eliminei o açúcar da minha alimentação e comecei a utilizar somente mel"
José Alonso Rodriguez
Produtor rural
José contou que comprava mel, mas ficava insatisfeito com a qualidade. "Eu sempre adquiria mel nas feiras, e era sempre falso. Eu sempre era enganado. Pensei então que eu tinha que encontrar um mel verdadeiro, e resolvi eu mesmo criar minha própria abelha", comentou.
Desde a decisão, já são mais de 40 anos de experiência na produção de mel. Só em 2024, o agricultor produziu mais de uma tonelada, um aumento de 18% em relação a 2023. Segundo o produtor, o aumento só foi possível graças ao incentivo da Federação Capixaba das Associações de Apicultores, por meio da Associação de Apicultores de Viana.
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José Alonso Rodriguez começou a produzir mel após se tornar vegetariano e cortar açúcar da alimentação Crédito: Ari Melo/ TV Gazeta |
"Lá nós recebemos incentivos da prefeitura, que inclusive deu várias caixas. Recebemos de presente 20 colmeias completas e hoje elas estão aqui produzindo. Todos que têm um sítio deveriam ter uma caixinha dessas para o seu próprio sustento", disse.
Anos de prática
A propriedade de José fica a 12 quilômetros de Cariacica Sede, na região de Alto Roda d'Água. São 15 colmeias próprias e mais 200 em parceria com famílias que trabalham com agricultura na cidade e em outros municípios do Estado. As abelhas encontradas na produção são da espécie Apis melífera, mais conhecida como africanizada, que é o resultado do cruzamento das raças europeias e africana. É uma espécie altamente produtiva e resistente a doenças.
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José Alonso Rodriguez começou a produzir mel após se tornar vegetariano e cortar açúcar da alimentação Crédito: Ari Melo/ TV Gazeta |
"O fumigador é utilizado para deixar elas mais calmas. Eles se enchem de mel, para poder, caso pegar fogo na floresta, elas terem reserva. Então, o que elas fazem, se enchem de mel e a fumaça faz com que elas percam o ânimo de dobrar o abdômen e poder ferroar. É aí onde o apicultor trabalha com elas", explicou.
Na comunidade das abelhas, apenas a rainha põe os ovos, que vão se transformar em mais abelhas operárias que produzem o mel. "Por meio do mesmo ovo que nasce uma operária, ela alarga os alvéolos, ali se forma uma realeira, de onde sairá uma nova rainha. E se não tiver uma rainha, tem que pegar de outra caixa e colocar, se não a casa morre todinha", destacou.
O apicultor pontuou que as caixas onde estão as colmeias acabam sendo lacradas com o próprio própolis fabricado por elas. "As abelhas vivem de 40 a 50 dias. Em uma caixa temos operários e abelhas novas que vão nascer. As partes amarelas no meio dos filhotes são pólens que têm ali dentro. Elas misturam pólen e mel e fazem o pão das abelhas", narrou.
Apicultura capixaba
Cada colmeia chega a produzir 25 quilos de mel por ano. O Espírito Santo tem cerca de 250 apicultores organizados em associações, segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). A apicultura é uma atividade classificada de baixo investimento, porque não precisa de muito espaço e ainda contribui para o equilíbrio do ecossistema.
"Para você ter uma ideia, um pé de maçã, que não é polinizado, dá 100 maçãs. Quando você poliniza com as abelhas, dá de 900 a mil maçãs. A polinização é essencial para a humanidade e agricultura em geral", afirmou.
Para se beneficiar com o cultivo das abelhas e vender o produto, é preciso se profissionalizar, como o agricultor fez. O subsecretário de Agricultura e Pesca de Cariacica explicou que Alonso se aperfeiçoou na prática e virou referência no município, onde seus produtos têm um selo.
"O Alonso tem um Selo de Inspeção Municipal (SIM) e também tem o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar de Pequeno Porte (Susaf), que permitem vender todos os produtos nos comércios municipal e estadual"
Ingrid Pulcheri
Coordenadora do Serviço de Inspeção Municipal
"A gente marca para fazer uma vistoria prévia e avalia nesse local toda a estrutura. Desde os equipamentos, vestimenta dos manipuladores, até o rótulo. E aí a gente faz a vistoria periódica e também tem a coleta para as análises fisioquímicas e microbiológicas, que são enviadas aos laboratórios credenciados", acrescentou a coordenadora do Serviço de Inspeção Municipal, Ingrid Pulcheri.
A matéria-prima retirada pelo agricultor do apiário é levada para a agroindústria que fica no bairro Novo Brasil. Dessa forma, o produto chega a feiras e supermercados de todo o Estado. "Tudo que você se dedica, você tem sucesso lá na frente", finalizou o apicultor.
Fonte: A Gazeta