O que é 'golpe da mala', esquema criminoso que faz vítimas no ES


Criminosos usavam malas com notas falsas misturadas com verdadeiras para enganar vítimas em fraudes milionários, segundo a Polícia Federal

Imagine receber uma mala repleta de dinheiro como pagamento de uma negociação, mas, dentro dela, apenas uma pequena parte das cédulas é verdadeira, enquanto a maior é composta por notas falsificadas. É com esse truque que uma organização criminosa investigada pela Polícia Federal aplica o chamado “golpe da mala”, responsável por enganar pessoas em fraudes milionárias.

O caso foi alvo de uma operação nessa terça-feira (19), quando a Justiça Federal autorizou buscas em uma casa e em um imóvel rural de um morador do município de São Mateus, no Norte do Espírito Santo. O nome dele não foi divulgado.

Um computador encontrado na casa do investigado passará por perícia Crédito: Divulgação | Polícia Federal

Conforme as investigações, para dar credibilidade, os criminosos se passam por investidores ou representantes de instituições financeiras, apresentam identidades falsas e chegam a alugar salas de hotéis de alto padrão para convencer as vítimas. Em alguns casos, ainda exibem supostos parceiros comerciais.

Segundo a corporação, o golpe era aplicado principalmente contra pessoas físicas, e uma das estratégias dos criminosos era agir em municípios diferentes de onde residiam, para dificultar a identificação. Ainda não há como estimar o volume de cédulas falsificadas utilizadas, mas os indícios apontam para operações de grande porte, com movimentação milionária.


O golpe, na prática

Em uma matéria publicada por A Gazeta em 2018, foi revelado como esse tipo de golpe já havia enganado empresários do Espírito Santo e de Minas Gerais. Ele acabava aplicado quando as vítimas eram convidadas a serem parceiras comerciais em um empreendimento. A elas era oferecida uma expressiva quantia em dinheiro. Em troca, pagavam uma "propina" ao grupo que os procurava pela intermediação do "negócio". Com o acordo fechado, recebiam uma maleta lacrada com o dinheiro, mas, tardiamente, descobriam que as notas eram falsas.

As reuniões eram cheias de encenações para dar credibilidade. Um dos integrantes, por exemplo, se passava por assessor parlamentar ou representante de um grupo empresarial, enquanto outro era apresentado como sobrinho de político famoso, reforçando a farsa. As entregas costumavam acontecer em estacionamentos de shoppings, supermercados ou aeroportos. Em um dos casos, um empresário do ramo de café pagou R$ 300 mil acreditando que receberia R$ 500 mil em cédulas, mas todo o montante era falso.

Houve ainda vítimas em Minas Gerais: dois empresários mineiros, cuja negociação de entrega da maleta foi feita no aeroporto de Confins, perderam R$ 50 mil. Em outro caso, um empresário de Laginha quase caiu na fraude e só escapou porque a Polícia Federal deflagrou uma operação um dia antes da entrega da maleta. A ele tinha sido oferecida a quantia de R$ 500 mil em troca de propina de R$ 180 mil.


Investigados no ES

Alvo da investigação tentou jogar dois celulares pela janela Crédito: Divulgação | Polícia Federal

Na operação dessa terça-feira (19), o investigado ainda tentou se desfazer de dois celulares, jogando-os pela janela, mas os aparelhos foram recuperados, assim como um computador, que passará por perícia. A PF informou que pelo menos dois integrantes do grupo atuavam em terras capixabas, mas a base da organização está em outros estados. Agora, a investigação segue em andamento para localizar vítimas, identificar novos envolvidos e rastrear a origem das notas. O homem poderá responder por crime de moeda falsa, cuja pena pode chegar a 12 anos de prisão.



Fonte: A Gazeta



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