Ministério Público de Minas Gerais deflagra ação nacional; quatro mandados foram cumpridos na cidade
A cidade de Colatina foi alvo da Operação Custos Fidelis, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em conjunto com a Polícia Militar mineira e com apoio da Polícia Civil e do Gaeco do Amazonas. A ação teve como objetivo combater o crime de lavagem de dinheiro oriunda do tráfico de drogas comandado pela organização criminosa Família Teófilo Otoni (FTO), afiliada ao Comando Vermelho (CV).
Em Colatina, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, entre os 84 realizados também em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Espírito Santo. Além disso, a operação resultou no cumprimento de 48 mandados de prisão contra integrantes do grupo.
Segundo o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Paulo de Tarso Morais Filho, a ação atingiu diretamente o coração financeiro da organização criminosa, com apoio de órgãos de inteligência financeira.
“Para enfrentar algo organizado temos que estar ainda mais organizados, com articulação e inteligência, como neste caso. Agora desejamos que os valores dessa organização sejam declarados como perdidos e revertidos para os cofres do Estado para que retornem à população mineira”, afirmou.
A major da PMMG, Layla Brunnela, detalhou que a investigação levou 18 meses e que a operação recebeu o nome Fidelis como referência ao papel das instituições públicas como verdadeiros guardiões do território.
“Uma das facetas do crime organizado é o domínio de territórios e de comunidades. Assim, o nome da operação significa guardião fiel, justamente para lembrar que quem protege o território mineiro são as instituições públicas”, destacou.
Estrutura empresarial do crime
As investigações mostraram que a FTO operava como uma empresa do crime, com núcleos de logística, finanças e ataques armados. O grupo utilizava fuzis e uniformes policiais em execuções de rivais, aumentando a letalidade dos ataques e a intimidação sobre a população.
De acordo com os levantamentos, em menos de um mês a organização adquiriu R$ 8,4 milhões em drogas, com fornecedores do CV que atuam diretamente do Amazonas. A lavagem de dinheiro era sustentada por empresas de fachada nos setores de gás liquefeito, internet, câmbio e principalmente comércio atacadista de pescados.
Essas empresas movimentavam cerca de R$ 25 milhões por ano, recebendo depósitos pulverizados de todo o país, inclusive de Teófilo Otoni e Belo Horizonte. Relatórios de inteligência financeira identificaram movimentações suspeitas, como depósitos fragmentados que somaram R$ 2,3 milhões em apenas uma semana, prática conhecida como smurfing, usada para dificultar o rastreamento das operações.