Mel não é tudo igual: conheça os principais tipos feitos no Brasil e por que alguns custam até R$ 600

Além das abelhas com ferrão, o Brasil tem mais de 250 espécies sem ferrão, que produzem méis raros e com sabores únicos — alguns lembram até madeira ou queijo.

No Brasil, a abelha africanizada (com ferrão) é a mais comum e produz a maior parte do mel, porque suas colônias são maiores.

O país também abriga mais de 250 espécies de abelhas nativas sem ferrão, que produzem méis com sabores únicos e maior diversidade.

O mel dessas abelhas sem ferrão é mais caro porque é feito em menor quantidade e tem sabores únicos, valorizados até na gastronomia.

🍯Você sabia que existe mel que não vem de flores? Ou que tem um sabor levemente salgado que lembra queijo?

Nos supermercados, é comum encontrar apenas alguns tipos, geralmente produzidos por abelhas africanizadas (com ferrão). Em muitos casos, o rótulo nem informa qual é a flor que dá origem ao mel — o que significa que o produto é um blend, ou seja, uma mistura de diferentes méis.

Isso, porém, não reflete a enorme diversidade existente no Brasil. Há variações de cor, textura e sabor — que vai do mais doce ao mais ácido.

Entre os exemplos mais curiosos estão o mel de bracatinga, que não vem de flores, mas de uma substância açucarada eliminada por insetos (cochonilhas), e o mel de borá, feito por abelhas sem ferrão, com sabor suave e um toque salgado que lembra queijo.

Assim como o borá, outros méis de abelhas nativas sem ferrão — como jataí e mandaçaia — são raros e, por isso, mais caros: o litro pode chegar a R$ 600, segundo a pesquisadora Fábia de Mello, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

👉🏼 Abaixo, nesta reportagem, você vai entender a diferença entre os tipos de abelha com e sem ferrão e descobrir os méis mais curiosos produzidos no país.


Mel de abelhas com e sem ferrão

Abelha da espécie Apis mellifera (abelha-africanizada) — Foto: Muhammad Mahdi Karim / Wikimedia Commons

A abelha-africanizada é a espécie com ferrão mais comum no Brasil, embora não seja nativa do país. Ela forma colônias maiores, trabalha por mais horas ao longo do dia e, por isso, produz mais mel.

Os tipos de mel produzidos por ela são classificados conforme a florada, ou seja, as flores das quais as abelhas coletam o néctar. Entre os principais estão: laranjeira, eucalipto, silvestre, cipó-uva e bracatinga.

Já as abelhas sem ferrão, nativas do Brasil, produzem menos mel por formarem colônias menores e terem menor tempo de atividade diária. E isso ajuda a explicar o preço mais alto.

“O litro do mel da abelha-africanizada custa, em média, R$ 47. Já o das abelhas sem ferrão começa em R$ 120 e pode chegar a R$ 600 o litro”, explica Fábia de Mello, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Atualmente, são conhecidas mais de 250 espécies dessas abelhas no país, e cerca de 100 têm iniciativas de criação, segundo Kátia Aleixo, bióloga e mestra em entomologia (estudo dos insetos).

Diferente do mel das abelhas africanizadas, que recebe o nome da florada, o mel das abelhas sem ferrão é identificado pela espécie que o produz. Entre os mais conhecidos estão os méis de jataí, mandaçaia, tiúba e borá.

Esses méis também têm ganhado espaço na alta gastronomia, por conta do sabor mais ácido e da textura mais líquida. Isso ocorre porque eles contêm mais água, o que favorece a fermentação natural.

Conforme a bióloga Kátia Aleixo, esse processo, combinado ao tipo de abelha e aos potes de cerume onde o mel é armazenado, contribui para criar sabores únicos.


Os principais tipos de mel

Mel de diferentes espécies de abelhas e de diferentes floradas — Foto: Cristiano Menezes


🐝Méis de abelha com ferrão
  • Laranjeira
Mel de laranjeira exibido no programa Bem-Estar em 2013 — Foto: Reprodução/Bem Estar

De coloração clara e sabor levemente ácido, esse mel é comum no Brasil, sendo produzido principalmente em São Paulo e Minas Gerais.

  • Eucalipto
De cor mais escura, é rico em minerais e tradicionalmente usado como expectorante. É produzido nas regiões Sul e Sudeste.

  • Bracatinga
Também chamado de melato, é um mel produzido a partir de um líquido açucarado liberado por pequenos insetos (cochonilhas) que se alimentam da seiva da árvore de bracatinga, típica da Região Sul do Brasil.

Tem coloração escura, menor teor de glicose e é rico em minerais, segundo a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A).

  • Silvestre
Quando rotulado como silvestre, significa que o mel é produzido a partir de diversas flores.

É encontrado em todo o Brasil, especialmente em apiários próximos a vegetação nativa.

  • Cipó-uva
Quase transparente, esse mel é produzido principalmente em regiões de Cerrado, como em Minas Gerais.


🐝Méis de abelha sem ferrão

  • Borá
Considerado uma iguaria, tem sabor suave com um leve toque salgado — que lembra queijo. Conforme a bióloga Kátia Aleixo, vai bem com saladas, pratos salgados e carnes leves, como peixe.

  • Jataí
Esse tipo de mel tem cor clara, gosto suave com leve acidez e aroma que lembra madeira. É valorizado por propriedades medicinais e encontrado em várias regiões do país.

  • Mandaçaia
É um mel claro, quase transparente em alguns casos, com sabor suave e leve toque cítrico. Produzido principalmente no Sul e Sudeste.

  • Tiúba ou Uruçu-cinzenta
Tem sabor bem doce e aparência translúcida. Possui aroma marcante de flores e é produzido especialmente no Maranhão e Pará.

No Brasil, os méis mais comercializados são os produzidos pelas abelhas-africanizadas — Foto: Pexels/Pixabey


Fonte: g1 




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