Neurocirurgiã é julgada por permitir que filha de 12 anos perfurasse crânio de paciente


Caso ocorrido em hospital de Graz, na Áustria, gera indignação, mas médica nega participação de criança na cirurgia

Médica admite ter levado filha a cirurgia, mas nega que menina tenha participadoSasin Tipchai/Pixabay

Uma neurocirurgiã austríaca está sendo julgada após ser acusada de permitir que sua filha de apenas 12 anos perfurasse o crânio de um paciente durante uma cirurgia.

O episódio, que teria ocorrido em janeiro de 2024 no Hospital Regional de Graz, veio à tona por meio de denúncias anônimas e causou forte repercussão no país.

De acordo com a promotoria, a médica levou a menina para dentro da sala de operação e, já nos momentos finais do procedimento, teria deixado que ela manuseasse o instrumento para abrir um pequeno orifício na cabeça de um homem de 33 anos, vítima de um grave traumatismo craniano. O caso é tratado como lesão corporal leve, embora o paciente tenha se recuperado sem complicações.

A médica nega que a filha tenha participado ativamente da cirurgia. Em depoimento, afirmou que o comentário feito a enfermeiras sobre a “primeira operação” da criança foi apenas uma “brincadeira de orgulho materno”. Ela reconheceu, contudo, que permitir a presença da filha no centro cirúrgico foi um “erro grave”.

O colega da neurocirurgiã, que estava em treinamento e também responde ao processo, admitiu em tribunal que a menina colocou a mão sobre a dele enquanto ele manuseava o equipamento, mas garantiu que manteve o controle total do instrumento o tempo todo. Segundo a defesa, essa interação “não configura prática cirúrgica” e, portanto, não seria punível.

A promotora Julia Steiner classificou o episódio como “um ato de incrível desrespeito ao paciente” e alertou para o risco envolvido. “O que aconteceria se o equipamento falhasse e não parasse automaticamente ao perfurar o osso?”, questionou, destacando que o perigo “não pode ser minimizado”.

Testemunhas do hospital relataram que ouviram rumores sobre a participação da criança, e o caso acabou sendo formalmente investigado após o recebimento de cartas anônimas. O chefe do departamento de neurocirurgia afirmou ter ficado “chocado” ao saber do conteúdo das denúncias e confirmou que o médico assistente admitiu o fato em conversa reservada.

Durante a audiência, a filha da médica usou o direito de permanecer em silêncio e se recusou a depor. Nenhuma testemunha afirmou ter presenciado diretamente o momento da perfuração, o que torna a reconstituição do episódio dependente de perícias e depoimentos técnicos.

O julgamento foi adiado para 10 de dezembro, quando peritos devem apresentar suas conclusões sobre o procedimento.

Fonte: R7



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