Polícia investiga se clínica adquiria sangue de gatos coletado de forma clandestina no interior de SP


Investigações buscam identificar outros suspeitos de integrar esquema criminoso, que veio à tona no último sábado (4) em Monte Alto (SP). Estudante de veterinária está preso.

Polícia investiga esquema de venda clandestina de sangue de gato em Monte Alto, SP

A Polícia Civil informou nesta segunda-feira (6) que investiga se uma clínica veterinária adquiria os sangues de gatos que eram coletados de forma clandestina em Monte Alto (SP). O esquema veio à tona no último sábado (4), quando três pessoas foram presas, entre elas um estudante de veterinária (veja abaixo).

Segundo o delegado Marcelo Lourenço dos Santos, que está à frente do caso, o objetivo é identificar outros suspeitos de integrar o esquema criminoso.

"Há informações de que este sangue seria direcionado a uma clínica específica, essa regularizada, em outra cidade. A gente está trabalhando com essa linha investigativa nesse sentido para tentar identificar outras pessoas que participavam desse esquema criminoso", disse.

Em nota, a clínica veterinária Hemoser, de São José do Rio Preto (SP) e que foi citada no boletim de ocorrência, afirmou que o banco de sangue veterinário não é uma prática ilegal e que não causa quaisquer maus-tratos aos animais doadores.

De acordo com a Polícia Civil, a coleta era feita em condições insalubres e sem a presença de um médico veterinário, em uma residência na Rua Marciano de Vasconcelos Nogueira. Ao menos seis animais estavam desacordados no local.

"A coleta ilegal desse material biológico pode acarretar sofrimento, dor aos animais, que estavam prostrados no chão, sem nenhuma higienização. Isso significa que foi afrontado um pilar do bem-estar deste animal: dor, sofrimento. Quando há essa afronta, há crime de maus-tratos, muito embora alguns acreditem que possa se configurar apenas a infração administrativa", completou o delegado.

Diante disso, equipamentos usados para a coleta e frascos de sangue foram apreendidos, e cinco pessoas foram levadas à delegacia. Elas são: Cleiton Fernando Torres, Sandra Regina de Oliveira, Angela Aparecida Alves Ribeiro, Everton Leite Silva e Jose Luiz de Lima.

Na delegacia, todos prestaram depoimento, mas apenas Cleiton, Sandra e Angela ficaram presos e foram encaminhados à Cadeia Pública de Pradópolis (SP). Em audiência de custódia na manhã de domingo (5), no entanto, a Justiça decidiu manter só Cleiton preso.

O caso foi registrado como ato de abuso a animais na Delegacia de Jaboticabal (SP)


Gata com FIV

Um gata resgatada foi diagnosticada com o Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV - Feline Immunodeficiency Virus em inglês), informou a prefeitura. A doença, que ataca o sistema imunológico dos felinos, é equivalente à Aids nos humanos e não tem cura.

Em nota, a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente disse que recolheu três gatos. Eles passaram por exames, que constataram a FIV em uma fêmea.

Segundo a pasta, os outros dois animais ainda farão exames, enquanto mais três felinos estão sendo procurados para testes.

🔎 A FIV não é transmissível a humanos, mas pode ser transmitida a outros gatos, pela saliva ou sangue. A doença ataca o sistema imunológico dos felinos, tornando-os mais vulneráveis a infecções e outras doenças secundárias. Ela pode ser controlada se for diagnosticada cedo, permitindo que os gatinhos sigam sua vida por muito tempo, sem complicações.

Na delegacia, todos prestaram depoimento, mas apenas Cleiton, Sandra e Angela ficaram presos e foram encaminhados à Cadeia Pública de Pradópolis (SP). Já Everton e José foram liberados.

Em audiência de custódia na manhã de domingo, a Justiça decidiu manter Cleiton preso, enquanto Sandra e Angela foram soltas.

O caso foi registrado como ato de abuso a animais na Delegacia de Jaboticabal (SP) e deve ter as circunstâncias investigadas pela Polícia Civil, com auxílio da perícia.


Anúncio oferecia R$ 50

O esquema de venda clandestina de sangue de gatos em Monte Alto (SP) veio à tona a partir de um anúncio nas redes sociais que ofertava R$ 50 a tutores que desejassem submeter os animais ao procedimento.

A EPTV, afiliada da TV Globo, obteve acesso ao anúncio. O texto, publicado em um status de WhatsApp, dizia o seguinte:

"Oi, meus queridos irmãos e irmãs. Vocês que têm gatos, tem alguém que paga para tirar sangue de gato. Para cada gato, ela está pagando R$ 50. Vocês estão interessados de ganhar dinheiro só me avisar."

Segundo boletim de ocorrência, ao serem questionados sobre a captação do sangue por meio de redes sociais, os suspeitos desconversaram.

Até a última atualização desta reportagem, o responsável pela postagem não havia sido identificado.

Anúncio oferecia R$ 50 a tutores por coleta clandestina de sangue de gato em Monte Alto, SP — Foto: Reprodução/Redes sociais


O que disseram os suspeitos?

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, Angela alegou que é dona da casa onde estavam sendo realizados os procedimentos e dos gatos que estavam desacordados.

Ela afirmou que havia permitido a coleta de sangue dos animais, sob pretexto de estar ajudando outros gatos que necessitariam de doação de sangue. A mulher também ressaltou que não receberia nenhuma quantia financeira para isso.

Jose, Everton e Cleiton, por sua vez, disseram que trabalhavam como freelancers para uma clínica veterinária de São José do Rio Preto (SP), para fornecimento de sangue de gatos.

Cleiton relatou que é estudante de veterinária e estaria coordenando os procedimentos, recebendo diária de R$ 300, enquanto Everton e Jose estariam como auxiliares, recebendo R$ 100 cada.

Já a versão de Sandra não está presente no boletim.

Gatos foram encontrados desacordados em clínica clandestina de coleta de sangue em Monte Alto, SP — Foto: Polícia Civil

O que dizem as defesas?

Em nota, a defesa de Cleiton disse que o cliente é inocente e que, no caso em apuração, "não existe previsão legal que proíba a existência de bancos de sangue para animais nem que criminalize, por si só, a coleta de sangue de cães e gatos quando realizada com finalidade terapêutica".

Afirmou, ainda, que até o momento não há laudo técnico apontando lesão, morte ou sofrimento específico dos animais.

"Reitera-se o respeito ao trabalho das autoridades e a plena colaboração para o esclarecimento dos fatos, sempre sob a presunção constitucional de inocência", complementou.

Fonte: G1



Postagem Anterior Próxima Postagem