![]() |
Psicanalista preso chega à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Foto: Sesp/Divulgação |
Um psicanalista, de 63 anos, preso por abusar de pacientes menores de idade durante sessões de psicanálise em Vila Velha, teria cometido o crime contra uma menor de 12 anos enquanto fingia explicar a ela o que era abuso.
O suspeito atendia pacientes na própria casa e em uma igreja evangélica do município, em que trabalhava de forma gratuita.
Segundo informações repassadas pela vítima, os abusos tiveram início durante uma sessão. O suspeito teria percebido um ferimento na parte posterior da coxa da adolescente, que estava usando um short.
Ele teria perguntado o que era e ao se aproximar da menor, a tocou em sua parte íntima. A menina se assustou e ao perceber o desconforto da menor, o suspeito teria passado a tocá-la com a justificativa de ensiná-la o que era um abuso sexual.
“E ele começou a falar, isso, eu vou te explicar o que é um abuso. Você sabe o que é um abuso sexual? E durante ele falar para ela como poderia ser praticado o abuso, ele aproveitou para demonstrar para ela. Então, ele tocava no seio dela, tocava na parte íntima dela, falando, se alguém tocar aqui, não pode, é crime, é um abuso e praticava o ato“, explicou a delegada Thais Cruz.
A vítima chegou a relatar que o suspeito também pedia para fotografá-la com um ursinho de pelúcia e que ao chegar à casa do psicanalista para as consultas, havia outras jovens esperando. Isso foi parte do que motivou a Polícia Civil a pedir a prisão preventiva do suspeito.
Vítima contou sobre abusos para psicóloga
Os crimes foram descobertos após a vítima desabafar com a psicóloga da escola que frequenta, que avisou ao pai da menina sobre o ocorrido.
Junto da filha, o pai compareceu à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) para registrar um boletim de ocorrência contra o suspeito.
De acordo com a titular da DPCA, Thais Cruz, a vítima manteve o abuso em segredo por meses antes de conversar com a psicóloga escolar.
“Ela ficou assustada, ela guardou aquilo para ela, não teve coragem de falar para o responsável dela, mas, graças a Deus, em razão de todo o histórico da DPCA, que a gente sempre alerta para ter um adulto responsável. Depois de um mês, ela conseguiu revelar na escola”, explicou a delegada.
Abuso contra adolescente em 2019
Em 2019, o suspeito teria abusado de uma adolescente de 16 anos enquanto atendia em uma igreja evangélica.
A jovem, que segundo a mãe, tem esquizofrenia, teria ido se consultar com o psicanalista quando foi abusada. Neste caso, o homem a obrigou a tirar a roupa e chegou a passar seu órgão sexual na vítima.
Segundo a investigação, o suspeito se aproveitava da vulnerabilidade das vítimas para cometer os crimes, chegando a oferecer presentes às adolescentes para continuar com os abusos.
“Inclusive, ele tinha perguntado, como era uma vítima muito carente, qual seria o sonho dela, o que ela queria ganhar. E ela falou que era um videogame. Ele falou, se você sair daqui e falar para sua mãe que você quer voltar na próxima semana, eu te dou o videogame. Só que a vítima não voltou e contou para a mãe. A mãe acreditou nela, procurou o pastor da igreja, o pastor da igreja deu total apoio à família”, disse a delegada.
Segundo a mãe da vítima, o suspeito teria negado os crimes e chegou a dizer a elas que a filha teria inventado o caso, inclusive perguntando a ela “quem iria confiar na palavra de uma esquizofrênica?” para descredibilizar a denúncia.
O caso foi levado à DPCA ainda em 2019 e este inquérito foi unido ao de 2025 para garantir o pedido de prisão preventiva e busca e apreensão, cumpridos na última quarta-feira (24).
O suspeito vai responder pelo crime de estupro de vulnerável no caso da adolescente de 12 anos e estupro qualificado contra a jovem, à época, com 16 anos.
Ele já tinha passagens pela polícia pelo crime de roubo em 2016. O celular do suspeito foi apreendido e passará por perícia. A polícia trabalha com a hipótese de que o psicanalista tenha feito outras vítimas.
Fonte: Folha Vitória