Em seu último dia na Indonésia, presidente brasileiro se mostrou otimista com relação à reunião que deve ter com Trump na Malásia

O presidente Lula durante entrevista coletiva na Indonésia.Créditos: Ricardo Stuckert
No encerramento de sua visita oficial à Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta sexta-feira (24) que deverá se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
Em tom otimista, Lula afirmou que o encontro será “livre, sem assunto proibido” e que o objetivo é “mostrar que houve equívoco nas taxações e recolocar a verdade na mesa".
“Tenho todo interesse nessa reunião, mostrar que houve equívoco nas taxações, mostrar com números. Se não soubesse que há a possibilidade de acordo, eu não participaria dessa reunião”, disse Lula durante coletiva de imprensa em Jacarta.
“Voltar a uma relação civilizatória com os Estados Unidos”
O presidente voltou a enfatizar que está disposto a defender os interesses do Brasil e a restabelecer uma relação de respeito entre os dois países. Durante sua fala, Lula fez um apelo ao diálogo e à boa vontade como caminho para a superação de divergências históricas.
“Todo mundo sabe que eu dizia que, quando o presidente Trump quiser conversar, o Brasil está à disposição para sentar para negociar. Eu acho que nós estamos caminhando para mostrar que não há divergência que não possa ser dirimida quando duas pessoas com boa vontade se sentam numa mesa”, afirmou.
Lula destacou que pretende discutir “os equívocos nas taxações ao Brasil” e as punições aplicadas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), classificando essas medidas como injustificadas. “Eu quero provar isso com números”, disse. “Também quero discutir um pouco a punição que foi dada a ministros brasileiros da Suprema Corte, que não tem nenhuma explicação, nenhum entendimento".
“Como eu acredito muito na negociação, como eu acredito muito na relação humana, eu quero voltar a uma relação civilizatória com os Estados Unidos, uma coisa que já temos há muito tempo — 201 anos, não há porque não continuar tendo essa relação”, declarou.
“Que ganhe o Brasil, que ganhe os Estados Unidos, mas sobretudo que ganhe o povo brasileiro e que ganhe o povo americano. Nós somos as duas maiores democracias do Ocidente. Nós temos que passar para a humanidade harmonia e não desavença”, afirmou.
“Não existe veto a nenhum assunto”
Durante a entrevista, Lula ressaltou que nenhum tema estará fora da pauta e que pretende tratar desde questões comerciais até temas geopolíticos mais amplos.
“Se o presidente Trump quiser discutir qualquer outro assunto — Gaza, Rússia, Venezuela, minerais críticos — eu estou aberto a discutir qualquer assunto. O que é importante é o seguinte: nós não temos veto a nenhum assunto. Qualquer assunto que for colocado na mesa, a gente vai discutir o assunto”, declarou.
O presidente também reiterou que o acordo comercial entre os dois países não será fechado de imediato, mas acredita que a reunião presencial será um passo decisivo.
“O acordo certamente não será feito amanhã ou depois de amanhã. Ele será feito pelos negociadores que vão ter que sentar junto com o pessoal do governo americano para negociar”, explicou.
Segundo Lula, os ministros Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) já estão conduzindo as tratativas.
“Relação humana é química. Fazer de forma digital não tem o mesmo resultado que pessoalmente: olho no olho, pegar na mão, abraçar a pessoa", pontuou.
De Jacarta, Lula embarca ainda nesta sexta-feira para Kuala Lumpur, onde participará da cúpula da ASEAN e poderá selar o primeiro encontro presencial com Trump desde o agravamento da crise comercial entre os dois países.
Fonte: Revista Fórum

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