Investigação aponta maus-tratos em casas ilegais para idosos em Ribeirão Preto; responsável é presa
Pacientes amarrados às camas em casas para idosos que operavam clandestinamente em Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV
Uma investigação conduzida em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, levou ao resgate de dezenas de idosos que estavam sob os cuidados de unidades não-regulamentadas. Uma das funcionárias dos locais afirmou que era obrigada pela responsável pelas casas a amarrar os pacientes com tiras de lençol logo após o banho e o café da manhã.
Conforme relatado pela trabalhadora, a ordem era explícita: “Tomou banho, deu café? Amarra”. A justificativa da gestora, segundo a funcionária, era a falta de pessoal suficiente para supervisionar os residentes. Durante a noite, a medida também era aplicada: pacientes ficavam ligados às camas para evitar “zanzar para lá e para cá”.
A testemunha relatou ainda que os idosos pediam para não serem amarrados, mas obedeciam diante do fato de que câmeras monitoravam os funcionamentos das casas, e a responsável ameaçava quem desobedecesse: “Se caísse, era responsabilidade sua”.
No local, a equipe também relatou condições precárias de higiene e cuidado: o uso de fraldas era limitado a três por dia, com idosos acumulando sujeira e odores fortes de urina. Os produtos de limpeza praticamente não existiam, sendo frequentemente utilizado apenas água.
As casas investigadas, segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), permaneciam em funcionamento mesmo após ordem judicial de interdição. A responsável pelas unidades teve a prisão preventiva decretada por abandono e maus-tratos a idosos.
Ao todo, 36 idosos foram retirados das instalações — um dos locais atendia sete pacientes e foi inspecionado pela polícia e equipes de saúde após denúncia.
A defesa da gestora nega todas as acusações e afirma que as casas atendiam idosos de baixa renda com zelo, embora os órgãos envolvidos aleguem que os pacientes pagavam valores mensais e não recebiam os serviços prometidos.
Eva Maria de Lima, dona das casas clandestinas para idosos em Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV
A situação levantou questionamentos sérios sobre a fiscalização de estabelecimentos para idosos e as responsabilidades administrativas e criminais em casos de negligência ou maus-tratos.




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