(idosos-layout_site© Ignat Kushnarev/Unsplash)
Andar entre 3 mil e 5 mil passos por dia reduz significativamente o ritmo do declínio cognitivo em idosos com maior risco de desenvolver Alzheimer, descobriu um novo estudo publicado na revista Nature Medicine. O artigo reforça uma ideia já conhecida pela ciência: a atividade física é uma das maiores armas contra a demência, e cada passo importa nessa batalha.
Este nível de atividade física diária, considerado relativamente baixo, consegue adiar o aparecimento dos sintomas em até três anos em comparação com um estilo de vida quase sedentário.
Um nível mais moderado de caminhada – com 5 mil a 7,5 mil passos por dia – traz uma proteção ainda maior: o declínio cognitivo demora sete anos a mais para aparecer, segundo o estudo.
O estudo foi feito acompanhando 296 participantes do Estudo sobre Envelhecimento do Cérebro de Harvard, uma pesquisa de longo prazo que investiga as fases iniciais do Alzheimer. Quando o projeto começou, há 14 anos, nenhum dos voluntários tinha sinais de declínio cognitivo.
Anualmente, os cientistas de Harvard acompanham a saúde e os hábitos dos participantes, que têm entre 50 e 90 anos, usando testes cognitivos e exames de neuroimagem para espiar seus cérebros. Os voluntários também usavam um aparelho medidor de passos, que calculava o total de suas caminhadas diárias.
Os exames de neuroimagem servem para verificar o aparecimento de duas proteínas fortemente associadas ao Alzheimer no cérebro: a beta-amiloide e a tau. Apesar de não compreendermos totalmente os mecanismos envolvidos, sabe-se que elas estão associadas ao declínio cognitivo típico da doença, e geralmente começam a surgir antes dos sintomas, sendo portanto um sinal de quem vai sofrer de Alzheimer.
No estudo, os cientistas compararam pessoas que tinham acúmulo de beta-amiloide no cérebro e eram sedentárias com pessoas que apresentavam a proteína e praticavam exercícios físicos. A ideia era testar se as caminhadas tinham algum impacto na evolução da doença em quem já tem maior risco de desenvolvê-la.
Os resultados mostraram que andar entre 3 mil e 7,5 mil passos por dia adia o aparecimento dos sintomas em até sete anos, mesmo se o acúmulo de beta-amiloide continuasse nesse período.
Embora já se soubesse que a atividade física é importantíssima para combater a demência (e uma grande gama de problemas de saúde), o estudo trouxe uma atualização importante, medindo o impacto de diferentes níveis de atividade em voluntários acompanhados por anos.
Os exames de neuroimagem sugerem que, mesmo que a beta-amiloide siga aumentando, o exercício físico parece retardar o acúmulo da proteína tau, que é mais associada aos sintomas em si.
Não foram observados benefícios extras para além desse total de passos. Em quem apresentava pouca ou nenhuma proteína amiloide no cérebro – e portanto já tinha menor risco de desenvolver Alzheimer –, o número de passos não teve nenhum efeito observável.
Os resultados ajudam a reforçar a ideia de que mesmo níveis baixos de atividade física são melhores do que o sedentarismo total. A ideia de que você deve andar 10 mil passos por dia é muito propagada – com pouco embasamento científico, diga-se –, mas é uma meta que pode ser difícil para idosos; mesmo assim, o recomendado é tentar alguns milhares de passos diários.
Fonte: Super Interessante

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