Especialistas apontam fatores que mantêm o estado como uma rara exceção no cenário nacional.
Entenda os fatores que mantêm o estado isolado da facção
O estado do Rio Grande do Sul (RS) é um dos raros do Brasil onde a facção criminosa Comando Vermelho ainda não conseguiu se estabelecer, mesmo com ampla atuação em outros rincões do país.
O cenário desperta interesse porque revela fatores específicos de ordem social, geográfica e de segurança que ajudam a explicar essa distinção.
Contexto nacional
A facção Comando Vermelho tem presença consolidada em mais de 20 unidades federativas, seja dentro do sistema prisional, seja nas ruas. O país vive uma expansão desse tipo de organização em cadeias, penitenciárias e em territórios periféricos de diversos estados.
No entanto, o RS permanece próximo de estar “imune” à atuação formal da facção, fato que exige explicação.
Fatores que colaboram para essa peculiaridade
1. Estrutura prisional diferente: O modelo de administração penitenciária, a atuação integrada das polícias e os regimes de segurança no RS são apontados por especialistas como menos vulneráveis à infiltração de facções externas.
2. Geografia e logística: A localização, os fluxos de contorno e as rotas de tráfico no RS teriam características que dificultam o avanço direto de facções originárias de outras regiões.
3. Atuação estadual e institucional: A forma como o estado organiza suas forças de segurança, incluindo a corporação militar, a polícia civil, a inteligência, parece ter conseguido criar barreiras mais eficazes à ação de facções como o Comando Vermelho.
4. Cultura local e articulação social: Há indícios de que o tecido comunitário, o grau de mobilização local e as relações entre poder público e sociedade civil no RS funcionem de modo a reduzir espaços para o crime organizado se consolidar com força externa.
Importância desse cenário
Para o RS, permanecer sem atuação visível da facção oferece vantagens claras: reduz o risco de rebeliões coordenadas em cadeias, contaminação de redes criminais locais, além de diminuir a pressão sobre o sistema de segurança pública.
Para o Brasil inteiro, o caso sul-riograndense se torna uma lente para observar o que pode funcionar, ou não, na contenção das facções criminosas.
Limitações e alertas
Mesmo sem atuação manifesta da facção, os riscos não estão zerados. A ausência de uma facção específica não impede que outras organizações criminosas ocupem espaços da violência, tráfico e submundo prisional. Há também a necessidade de vigilância contínua, pois facções tendem a explorar brechas com rapidez.
Especialistas alertam que o fato de o RS estar em situação diferente não garante que continuará assim automaticamente — há variáveis como mudança nos fluxos de migrantes criminais, colaborações entre organizações trans-estaduais, ou falhas institucionais que podem alterar o quadro.



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