Revisão científica aponta cinco mecanismos por meio dos quais partículas de plástico minúsculas afetam o cérebro e reforça alerta sobre risco a longo prazo
Um estudo recente, divulgado em dezembro de 2025, alerta que microplásticos — fragmentos plásticos minúsculos presentes no meio ambiente e em diversos itens de consumo — podem contribuir para doenças neurodegenerativas como Doença de Alzheimer e Doença de Parkinson, além de causar outros danos ao cérebro.
Pesquisadores identificaram cinco formas principais pelas quais essas partículas podem prejudicar o cérebro:
- ativando células de defesa do sistema nervoso e provocando inflamação;
- gerando estresse oxidativo, ou seja, substâncias instáveis que danificam células;
- enfraquecendo a barreira hemato-encefálica — a “proteção natural” do cérebro contra toxinas — tornando-a mais permeável a invasores;
- prejudicando as mitocôndrias, organelas que produzem energia para as células cerebrais, o que reduz o funcionamento neuronal;
- danificando diretamente neurônios, potencialmente comprometendo funções cerebrais essenciais.
Segundo os autores do estudo, estima-se que um adulto consuma por ano algo em torno de 250 gramas de microplásticos — equivalente a encher um prato de jantar com esses resíduos.
Essas partículas entram no organismo por diferentes vias: ingestão de alimentos ou água contaminados, inalação de poeira com fibras plásticas, uso de embalagens plásticas, entre outros.
Além disso, pesquisas anteriores já haviam encontrado micro e nanoplásticos em cérebros humanos — frequentemente em concentrações maiores do que em outros órgãos, como fígado e rins.
Em alguns casos, pessoas com diagnóstico de demência apresentaram níveis mais elevados dessas partículas no cérebro do que pessoas sem a condição.
Os autores do estudo, no entanto, ressaltam que ainda não há comprovação definitiva de que microplásticos causem diretamente Alzheimer ou Parkinson. O que se observa são mecanismos biológicos plausíveis que podem agravar ou acelerar doenças neurodegenerativas já conhecidas — especialmente diante da exposição crescente a plásticos no dia a dia.
Com base nas evidências até o momento, os pesquisadores recomendam mudanças de hábitos para reduzir a exposição a plásticos desnecessários: evitar recipientes plásticos para alimentos e bebidas, preferir materiais como vidro, cerâmica ou aço inox, optar por tecidos naturais em vez de fibras sintéticas, e diminuir o consumo de alimentos processados embalados em plástico.


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