Um professor brasileiro, lotado na Harvard Law School, foi preso nessa quarta-feira pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) e teve o visto revogado nos Estados Unidos depois de disparar uma arma de pressão nas proximidades de uma sinagoga em Massachusetts — episódio que resultou em um acordo judicial e sua saída voluntária do país.
Disparo e detenção
O incidente ocorreu em 2 de outubro de 2025, um dia antes do feriado judaico Yom Kippur. O disparo aconteceu perto do templo Temple Beth Zion, na cidade de Brookline. A polícia local foi acionada após relatos de tiros e encontrou danos — incluindo o vidro de um carro estilhaçado. O professor alegou que usava o rifle de chumbinho para “caçar ratos”.
Processo, acordo e saída dos EUA
Originalmente, ele foi detido e acusado de disparo ilegal de arma de pressão, perturbação da ordem, dano à propriedade e conduta desordeira. Posteriormente, fechou um acordo judicial: as demais acusações foram arquivadas, restando apenas a de uso ilegal da arma. Como parte do acordo, ele aceitou cumprir seis meses de liberdade condicional e pagar reparação por danos.
Em 4 de dezembro de 2025, o U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE) executou a revogação de seu visto e confirmou sua saída voluntária dos Estados Unidos.
Reações e contexto institucional
Embora o governo americano (via U.S. Department of Homeland Security) tenha classificado o episódio como um “tiro antijudaico”, as autoridades locais — incluindo a administração da sinagoga e a polícia de Brookline — informaram que não há indícios de motivação antissemita. Segundo relatos, o professor não sabia que vivia ao lado da sinagoga nem que aquele dia marcava um feriado religioso.
A Harvard Law colocou o docente em licença administrativa após a detenção.
Quem é o professor
Carlos Portugal Gouvêa é advogado e professor associado da Universidade de São Paulo (USP). Durante o semestre de outono de 2025, estava atuando como professor visitante em Harvard.
Consequências do caso
O episódio reacendeu o debate sobre responsabilidade de imigrantes estrangeiros em solo americano, segurança ao redor de locais de culto e o controle de armas — mesmo arma de pressão — em áreas residenciais. Especialistas destacam que o uso de armas, ainda que de baixo calibre, pode provocar riscos concretos à comunidade local.
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