Especialistas explicam a classificação dos alimentos, como ler rótulos e os efeitos desses produtos no organismo
Os chamados alimentos ultraprocessados estão cada vez mais presentes na alimentação dos brasileiros, ocupando espaço tanto no carrinho de compras quanto nas refeições do dia a dia. Esses produtos vão muito além dos tradicionais refrigerantes e salgadinhos — podem estar disfarçados em iogurtes “fit”, pães de forma e barras de cereal embaladas, apesar de parecerem opções “saudáveis”.
O que são ultraprocessados?
Especialistas em nutrição usam a classificação NOVA, desenvolvida por pesquisadores brasileiros, para separar os alimentos pelo grau de processamento. Os ultraprocessados representam o nível mais alto de industrialização, com produtos formulados a partir de ingredientes modificados e aditivos como emulsificantes, corantes e aromatizantes — substâncias que normalmente não são usadas em cozinhas domésticas.
Como identificá‑los no rótulo
A forma mais prática de perceber se um alimento é ultraprocessado é observar sua lista de ingredientes: quanto mais longa e com nomes “estranhos” — como xarope de glicose, gordura hidrogenada ou estabilizantes — maior a probabilidade de se tratar desse tipo de produto. Itens com muitos componentes impronunciáveis ou que prometem sabor, textura e duração estendida quase sempre se encaixam nessa categoria.
Por que podem prejudicar o corpo
O consumo frequente de ultraprocessados está associado a diversos efeitos negativos à saúde. Eles são geralmente ricos em sódio, açúcares e gorduras, mas pobres em fibras e nutrientes essenciais, o que pode favorecer ganho de peso, resistência à insulina, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Além disso, estudos científicos apontam que dietas com alta proporção desses produtos podem alterar o funcionamento do intestino, desequilibrar hormônios de fome e saciedade e mesmo influenciar a microbiota intestinal.
Pesquisas epidemiológicas indicam ligações entre consumo elevado de ultraprocessados e maiores riscos de obesidade, depressão e até alguns tipos de câncer, ressaltando que o impacto vai além de componentes isolados como açúcar ou sal.
Efeitos no cérebro e comportamento alimentar
Especialistas também alertam que esses alimentos podem interferir nos mecanismos de recompensa do cérebro, tornando o hábito de comer mais difícil de controlar e influenciando escolhas alimentares impulsivas. O baixo teor de fibras e alto teor calórico pode reduzir a saciedade, levando a um padrão de consumo excessivo sem que a pessoa perceba.
O que fazer no dia a dia
A recomendação dos especialistas é reduzir ao máximo o consumo de ultraprocessados, dando preferência a alimentos in natura ou minimamente processados — como frutas, verduras, grãos, carnes frescas e laticínios simples. Ler rótulos, preparar refeições caseiras e fazer substituições gradativas ajudam a transformar a alimentação sem tornar o processo insustentável.



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