Novo aparelho implantável estimula a ereção automaticamente e recupera função sexual em 9 a cada 10 pacientes — sem uso de comprimidos.
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| Disfunção erétil atinge 150 milhões de homens e 30% não responde a tratamento com comprimidos — Foto: Vera Atchou/AltoPress/PhotoAlto/AFP |
Cientistas desenvolveram um novo aparelho para tratar a disfunção erétil que, em testes iniciais, conseguiu restaurar a ereção em cerca de 90% dos pacientes. Trata-se de um “viagra eletrônico”, fruto de pesquisa conduzida por um brasileiro ligado à empresa Comphya.
O dispositivo — chamado CaverSTIM — funciona como um marcapasso sexual. Ele é implantado na região pélvica, próximo à próstata e ao osso púbico, e usa eletrodos que estimulam o nervo responsável pela ereção. A ativação é feita por meio de um controle remoto sem fio, o que permite ao usuário retomar a função erétil de forma discreta e sob demanda.
Os primeiros testes envolveram homens que tiveram perda da função sexual — por exemplo, em consequência de cirurgias de próstata ou lesão medular — e os resultados iniciais foram considerados promissores: a maioria recuperou a capacidade de ter ereção sem uso de comprimidos tradicionais.
Os pesquisadores da Comphya afirmam que o CaverSTIM representa uma alternativa mais natural e confortável aos tratamentos convencionais — como injeções penianas ou próteses —, e que pode ampliar as opções disponíveis para quem sofre de disfunção erétil.
Como o equipamento funciona
Atualmente, o tratamento mais comum para disfunção erétil envolve o uso de medicamentos como Viagra ou Cialis. O problema é que, em 30% dos casos, os homens não respondem aos comprimidos e precisam recorrer a alternativas mais invasivas, como injeções penianas ou próteses.
🍆 Na prótese, dois cilindros são implantados ao longo do pênis, junto de uma bomba posicionada no saco escrotal. Para ter ereção, é necessário acionar manualmente o dispositivo no momento da relação.
O “viagra eletrônico” propõe uma abordagem diferente. Totalmente interno e sem partes aparentes, o CaverSTIM é ativado por um controle remoto que pode ser acionado discretamente. Ele não provoca uma ereção imediata, mas inicia o estímulo nervoso que permite que a ereção aconteça de forma fisiológica, conforme o estímulo sexual aumenta.
O dispositivo pode ser usado de duas formas:
- Como terapia temporária, como no caso dos pacientes operados da próstata, até que a função natural seja recuperada.
- Como uso permanente, no caso de pacientes com lesão medular.
Estudo com pacientes paraplégicos
Um segundo braço da pesquisa avaliou o uso do dispositivo em homens com lesão medular, um grupo para o qual a retomada da vida sexual é um grande desafio.
🍆 Nesse tipo de lesão, as conexões nervosas responsáveis pela ereção ficam interrompidas, e o impulso que deveria chegar ao pênis não é transmitido.
O urologista Sidney Glina, professor da Faculdade de Medicina do ABC e responsável por essa etapa no Brasil, explica que muitos desses pacientes apresentam ereções de reflexo, mas não conseguem mantê-las durante a relação.
Há um ano, seis homens com paraplegia — todos com até 34 anos e lesões ocorridas há mais de quatro anos — receberam o “viagra eletrônico” como parte de um protocolo experimental. Após o acompanhamento, cinco dos seis apresentaram melhora tanto na capacidade de ereção quanto na qualidade da relação sexual.
O estudo ainda será avaliado em revisão por pares, mas Glina destaca o caráter inédito da descoberta.
“É a primeira vez que conseguimos estimular um nervo ligado à ereção e ter resultado clínico”, afirma. “Já existe tecnologia para estimular a medula e controlar funções como o intestino, mas recuperar a via nervosa da ereção é algo totalmente novo. Isso abre caminho para outros tratamentos.”
Fonte: G1


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