Os cidadãos
brasileiros que estão em Wuhan, na China, serão repatriados em duas aeronaves
reservas da Presidência da República e ficarão em quarentena por 18 dias, na
Base Aérea de Anápolis (GO). A informação foi dada nesta terça-feira (4) pelos
ministros Fernando Azevedo (Defesa) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), em
coletiva de imprensa para explicar como será feito o resgate.
A operação começará
nesta quarta-feira (5), com a partida das equipes para a China, e terminará no
próximo sábado (8), com a chegada das aeronaves diretamente na unidade militar
onde os repatriados ficarão internados. Wuhan é o epicentro do surto mundial do
coronavírus.
"O presidente
Jair Bolsonaro concordou em ceder as suas duas aeronaves VC-2, aeronaves
reservas, [modelo] Embraer-190, com capacidade para 30 passageiros cada uma.
Foi um gesto do presidente abrir mão das aeronaves", afirmou Fernando
Azevedo. Segundo ele, a decisão de usar os aviões da Presidência da República
foi tomada pelo próprio presidente para evitar a burocracia de uma licitação
para fretamento de um voo e também por causa da precariedade da atual frota da
Força Aérea Brasileira (FAB). As aeronaves cedidas dão apoio às viagens
presidenciais, mas não são as utilizadas pelo presidente, que normalmente viaja
em um avião maior, modelo Airbus.
"Os dois VC-2
decolam hoje, às 12h, da Base Aérea de Brasília, com previsão de chegada em
Wuhan, na China na madrugada de sexta-feira, dia 7. O tempo que vão permanecer
na China nós não sabemos, tem os procedimentos das autoridades chinesas e os
nossos protocolos de saúde, e com previsão de chegada na madrugada de sábado,
dia 8", acrescentou Azevedo. As duas aeronaves farão um total de quatro
paradas técnicas de reabastecimento. Segundo o ministro da Defesa, após a
partida em Brasília, as escalas serão feitas em Fortaleza, Las Palmas
(Espanha), Varsóvia (Polônia) e Ürumqi (China), até o destino final em Wuhan
(China).
A lista preliminar do
Ministério das Relações Exteriores (MRE) inclui um total de 29 pessoas, sendo
24 brasileiros e 5 chineses, que são cônjuges ou pais dos cidadãos resgatados.
No grupo estão também 7 crianças. Outras pessoas que requisitarem à embaixada
brasileira em Pequim poderão ser incluídas nos voos, segundo o ministro Ernesto
Araújo. "Se houver mais algumas pessoas que mudem de ideia e queiram
voltar, serão contempladas, evidentemente. (...) É essencial que os brasileiros
que desejam retornar fiquem em contato permanente com nossa embaixada em
Pequim", afirmou.
Quarentena
Antes de embarcar, as
pessoas a serem resgatadas serão submetidas a exames médicos prévios. Quem
apresentar sintomas compatíveis com o coronavírus não poderá viajar. Além
disso, deverão assinar um termo de compromisso para se submeterem à quarentena
no Brasil. Os procedimentos de saúde serão realizados por uma equipe de seis
profissionais de saúde do Instituto de Medicina Aeroespacial da FAB e um médica
especializada do Ministério da Saúde, que estarão nos voos de resgate.
Na Ala 2 - Base Aérea
de Anápolis, todos os repatriados, além da tripulação e da equipe médica
responsáveis pelo resgate, deverão se submeter à quarentena de 18 dias. A
unidade militar, que pertence à FAB, possui dois hotéis, que serão utilizados
durante o período de observação. Ela foi vistoriada por equipes do governo na
tarde de hoje.
"Aqueles que não
tem sintomas ficarão numa área branca. Qualquer problema temos ainda condição
de passar para uma área amarela, todos em apartamentos individuais e, caso
necessário, passar para uma área vermelha, [que é a] evacuação aeromédica para
o Hospital das Forças Armadas, em Brasília", explicou o ministro Fernando
Azevedo.
Emergência
Mais cedo, o
presidente Jair Bolsonaro encaminhou, ao Congresso Nacional, o projeto de lei
que define as medidas sanitárias para enfrentamento do coronavírus e as regras
para a repatriação e quarentena no Brasil dos cidadãos brasileiros que estão na
China. Na mesma publicação, o Ministério da Saúde elevou o nível de alerta em
saúde no caso do coronavírus de perigo iminente para emergência em saúde
pública.
Projeto de lei
Em coletiva à
imprensa na tarde de hoje, o secretário-executivo do Ministério da Saúde João
Gabbardo dos Reis disse que o governo tem “alternativas” para medidas
sanitárias contra o coronavírus caso o Congresso demore a aprovar o projeto de
lei para prevenção, eventual enfrentamento da doença, repatriação e quarentena
de cidadãos.
“Não vamos fazer
pressão sobre o Legislativo”, disse ao assinalar que o PL vai ganhar prioridade
conforme os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado.
Segundo o secretário
de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira governo
dispõe arcabouço legal de normas de vigilância e até do Código Penal que regra
o trabalho de prevenção e combate a epidemias e garante ao Estado instrumentos
coercitivos de cumprimento de decisões sanitárias.
Reunião com secretários
Na próxima
quinta-feira (6), o Ministério da Saúde promove reunião com os secretários de
saúde dos estados e das capitais, além da representação do conjunto dos 5.570
municípios brasileiros, para discutir o Coronários.
Vão ser tratados
planos de contingência, funcionamento de hospitais referência, logística para
os exames em laboratório, licitação para contratação de leitos para eventuais
atendimentos e rateio de custos.
Fonte: Agência Brasil