A pequena Alana está
perto de completar o primeiro ano de vida. Já sua mãe, Ana Tereza, acaba de
fazer 17. Ela tinha 15 anos quando descobriu a gravidez. Um misto de surpresa,
alegria e preocupação.
"Eu pressentia,
mas não queria aceitar. Com cinco meses, a madrinha da neném falou 'menina,
você tá grávida'. No mesmo dia, me levou pra fazer o ultrassom. Chegando lá, já
descobri que era uma menina e que tinha acabado de completar cinco meses",
conta Ana Tereza.
Sua vida nunca mais
foi a mesma. Mas, graças ao apoio da família, a adolescente tem superado as
dificuldades. Hoje se divide entre o trabalho, os estudos e a maternidade
precoce.
Campanha Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência
A história da Ana
Tereza é parecida com a de muitas adolescentes em todo o Brasil. Nesta
segunda-feira (03), o Ministério da Saúde lançou uma Campanha Nacional para
Prevenção da Gravidez na Adolescência. O objetivo é conscientizar as meninas, e
também os meninos, sobre os riscos à saúde e as consequências para o resto da
vida de serem pais tão novos.
Em 2018, mais de 430
mil adolescentes entre 10 e 19 anos de idade deram à luz no país. Uma média de
930 mães precoces por dia. Os número representam 15% do total de nascidos vivos
no Brasil.
Já no Espírito Santo,
os dados mais recentes são de 2017. Mais de 7.800 mães tinham entre 15 e 19
anos. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a estimativa é que quase 7
mil adolescentes tenham ingressado na maternidade nessa mesma faixa etária em
2018.
Na Grande Vitória,
Vila Velha é o município com registros mais atualizados. Em 2019, das mais de
5.700 mulheres que deram à luz, 11% eram adolescentes. Há dez anos, em 2009, o
índice era ainda maior: de 15%. Aliada ao esforço nacional, a prefeitura
realiza pelo segundo ano consecutivo uma semana de debates sobre o tema.
"É a grande
oportunidade de trazer pra gente esses adolescentes. Digo "esses"
porque também envolvo o garoto. A menina não faz filho sozinha. É importante
que o menino também participe e seja educado para saber que precisa usar um
preservativo", afirma Arthur Pagotti, obstetra e coordenador do
departamento de Programas Especiais da Secretaria de Saúde de Vila Velha.
O médico obstetra diz
que o poder público tem a obrigação de informar sobre métodos contraceptivos e
enfrentar o fato de que a sexualidade precoce é uma realidade presente em
diversas classes sociais. "As pessoas têm que ser educadas para saber
em que momento e de que maneira fazer sexo", pontua.
O SUS oferece
gratuitamente nove métodos para não engravidar, nas unidades de saúde primária.
E também fornece testes rápidos para detecção de infecções como o HPV e outras
doenças sexualmente transmissíveis.
"Eu não
considero minha filha um erro. Foi um aprendizado pra mim mesma, entende? Achar
que iria acontecer com os outros e não iria acontecer comigo", disse Ana
Tereza.
De acordo com a
Prefeitura da Serra, o número de bebês nascidos de crianças e adolescentes, de
10 a 19 anos de idade, está diminuindo no município. Em 2017, o percentual foi
de quase 14%. Já em 2018, foi de pouco mais de 12%.
Com informações do repórter Alex Pandini, da TV
Vitória/Record TV