Pelo menos 29,5% das
pessoas que concluíram a graduação há até três anos ainda não conseguiram o
primeiro emprego, e os que terminaram o curso há mais tempo e ainda não
entraram no mercado de trabalho são 8,8%. Os dados são da Pesquisa de
Empregabilidade do Brasil, divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Instituto
Semesp. A Semesp é uma entidade que representa mantenedoras de ensino superior
no Brasil.
A pesquisa aponta a
empregabilidade dos egressos de instituições públicas e privadas de todas as
regiões do país, revelando a eficiência do diploma de graduação em termos de
rentabilidade e sucesso dos profissionais. Foram entrevistados 9.426 egressos
do ensino superior brasileiro, no período de 14 de outubro a 30 de novembro de
2019. Entre os participantes, 64,2% responderam ter concluído a graduação em
instituição privada e 35,8% em instituição pública. No total, os participantes
representam 481 Instituições de ensino superior, sendo 74% privadas e 26%
públicas.
“Esta é a maior
pesquisa já feita com alunos que saíram do ensino superior para verificar
efetivamente qual foi o impacto de ter cursado a universidade na vida dele.
Muito se fala que é bom, que aumenta a empregabilidade, o salário, mas não se
mensura isso. Nós temos muitos dados do Censo da Educação sobre o aluno que
está cursando, ou do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], mas depois que eles
saem do ensino superior não há uma pesquisa", disse o diretor executivo do
Semesp, Rodrigo Capelato.
Segundo a pesquisa,
no total de cursos com maior número de participantes, lideram administração
(8,4%); direito (7,6%); ciências biológicas (4,4%), engenharia civil (4,2%) e
psicologia (4,2%). Quando considerados só os estudantes da rede privada, os
cursos mais representativos são os de administração (12,2%); direito (10,9%);
psicologia (5,5%); engenharia civil (5,0%) e publicidade e propaganda (4,3%).
Nas instituições públicas, são os cursos de ciências biológicas (8,4%);
engenharia mecânica (6,6%); ciências da computação (5,2%); geografia (3,6%) e
medicina veterinária (3,6%).
Mais da metade dos
graduados da rede privada cursou o ensino superior no período noturno (62,2%),
contra 22,3% da pública. Entre os que estudaram na rede pública, 63,8% fizeram
o curso no período diurno integral. Por período de estudo, diurno e noturno,
destaca-se o percentual de participantes que responderam ter conseguido o
primeiro emprego antes mesmo da conclusão do curso, 56,0% do noturno, contra
27,9% do diurno.
A pesquisa mostra que
não houve diferença significativa entre os egressos de entidades públicas e
particulares que responderam atuar em uma área diferente da de formação: 22,5%
da rede privada, contra 21,8% da pública. A relevância do diploma na
rentabilidade dos profissionais também chama a atenção na pesquisa: antes da
conclusão do curso, apenas 5,8% ganhavam mais de R$ 5 mil e, após o término da
graduação, o percentual de egressos com essa renda saltou para 41,4%.
Os profissionais que
trabalham também apontaram o que melhorou depois que concluíram o curso
superior. Eles citaram o fato de ter entrado em um curso de pós-graduação
(42,5%), a melhora do salário (41,3%); o fato de ter conseguido emprego na área
de atuação (41,3%) e de ter o primeiro emprego (26,4%).
“A pesquisa mostrou
que, mesmo em tempos de crise, fazer um curso superior é muito positivo,
primeiro porque realmente aumenta a empregabilidade dos alunos e depois porque
praticamente todos os que se formaram antes da crise econômica estão empregados
e, entre os que se formaram durante a crise, uma parcela está desempregada, mas
o restante está empregado. Se compararmos com os outros níveis de ensino, a
empregabilidade é bem maior e o aumento salarial, significativo. Pegamos
aqueles que trabalhavam antes de se formar e comparamos com o que passaram a
ganhar, e o aumento foi de uma média de 162%”, disse Capelato.
Ele destacou que,
apesar de a empregabilidade ser elevada entre aqueles que se formaram
recentemente, o percentual dos que ainda não conseguiram emprego reflete
negativamente, tornando-se uma realidade cruel, já que, devido à crise
econômica, não há emprego para todo mundo. "Então, há aqueles que estão
formados há mais tempo, com experiência e que aceitam empregos [em] que os
jovens entram quando se formam. Isso é uma lógica perversa porque os mais
jovens vão ficar sem emprego durante um tempo, não conseguem experiência, e o
mercado de trabalho cada vez menos absorve esses jovens."
Nesse sentido,
Capelato diz que é positivo o Programa Verde e Amarelo, do governo federal, que
incentiva a geração de emprego para jovens de 18 a 29 anos. O objetivo é
inserir os recém-formados no mercado de trabalho, já que muitas vezes as
empresas escolhem contratar a pessoa que tem mais experiência e que aceita o
salário que seria de uma pessoa graduada depois.
"A Carteira
Verde e Amarela é um estímulo para reduzir ou anular esse efeito, porque
desonera as empresas dos seus encargos trabalhistas, desde que contratem
pessoas com até 30 anos de idade. Então, o efeito econômico pode atenuar a
concorrência e o fato de a pessoa não ter experiência", afirmou.
Fonte: Agencia Brasil