Entre 2010 e 2018
houve uma diminuição na taxa de internações atribuíveis ao álcool por 100 mil
habitantes, de 172,9 para 168,2 no Brasil. Com a população de bebedores
brasileiros em torno de 40% (abaixo da taxa mundial de 43% e também das
Américas, de 54%), a preocupação se dá especialmente pelo uso nocivo da substância
entre mulheres e idosos e jovens.
O fato das mulheres
estarem se aproximando dos homens em termos de padrão de consumo de bebidas
alcoólicas já impactou a saúde das brasileiras, embora os homens ainda sejam os
mais afetados pelo uso nocivo. Estes dados são da publicação “Álcool e a Saúde
dos Brasileiros – Panorama 2020” elaborada pelo Centro de Informações sobre
Saúde e Álcool (CISA) e que apresenta os dados nacionais mais recentes sobre o
tema, segmentados por sexo, faixa etária e estados.
O Espírito Santo é
o terceiro estado com maior taxa de óbitos atribuíveis ao álcool por 100 mil
habitantes no Brasil (41,5 mortes/100 mil), acima do índice nacional de 34
óbitos/100 mil, atrás de Sergipe (44,2 mortes/100 mil) e Pernambuco (41,7
mortes/100 mil).
As internações
atribuíveis ao álcool aumentaram 19,5% entre as mulheres, entre 2010 e 2018,
passando de 85.311 casos para 101.902. O número desse tipo de internação
cresceu 4,1% na população em geral e diminuiu 1,2% entre os homens, no mesmo
período. A ampliação também foi observada nos óbitos femininos relacionados ao
uso da substância (cerca de 15% maior quando comparado 2010 a 2017, crescendo
de 13.813 mortes para 15.876, enquanto na população em geral cresceu 6,1% e,
entre homens, 3,7%.
“Temos observado um
aumento no uso de álcool entre as mulheres não só em relação à quantidade, mas
também à frequência. Mas, agora, a partir dessas constatações, identificamos
que as consequências já estão afetando a saúde das brasileiras de maneira
importante. É um ponto de alerta para as políticas públicas voltadas para as
mulheres. Elas são mais vulneráveis aos efeitos do álcool por razões
fisiológicas e, por isso, é recomendado mais atenção ao consumo de bebidas”,
destaca Arthur Guerra, psiquiatra e presidente executivo do CISA.
Mulheres
O consumo abusivo de
álcool entre as brasileiras chama a atenção. Uma análise exclusiva do CISA, a
partir dos dados do Ministério da Saúde (Vigitel), aponta que, entre 2010 e
2018, houve um aumento neste padrão de uso de 14,9% para 18% na faixa etária de
18 a 24 anos, e de 10,9% para 14% entre 35 e 44 anos.
Outra parcela da
população que preocupa é a de idosos. A faixa etária de 55 anos ou mais compõe,
a cada ano, maior parcela do total de internações atribuíveis ao álcool
(passando de 26% para 33%, entre 2010 e 2018). Eles também são a maioria nos
casos de óbitos por uso de álcool, representando 48% dessas mortes, índice 7%
superior quando comparado a 2010.
O estudo ainda traz
uma análise inédita sobre o status da pesquisa científica em relação à temática
de consumo de álcool no Brasil e saúde: foram analisados artigos publicados por
pesquisadores de 1990 até 2018. A pesquisa brasileira nessa área cresceu muito,
mas ainda há carência de estudos sobre efetividade de políticas públicas e prevenção
do uso nocivo de álcool em nosso país.
Fonte: Folha Vitoria