A luz do sol pode matar o coronavírus?

Desde o início da pandemia, especulações vêm sendo propagadas sobre a eficácia da luz solar e da vitamina D no combate à Covid-19. Veja o que dizem os especialistas

Dermatologistas recomendam tomar sol durante 10 minutos diariamente com intuito de produzir vitamina D. Crédito: Freepik
Com o isolamento social imposto pelo coronavírus, muita gente deixou de tomar sol ou passou a fazer isso na varanda do apartamento ou no quintal de casa, em busca da síntese da vitamina D. Ao mesmo tempo, desde o início da pandemia, especulações vêm sendo propagadas sobre a eficácia da luz solar e da própria vitamina D contra a Covid-19. O que levou muita gente a se expor exageradamente ao sol sem proteção, colocando a saúde da pele em risco. Mas, afinal, o que todo mundo quer saber é: a luz solar pode, realmente, matar o coronavírus?

Até o momento, segundos os pesquisadores, não há evidências de que a exposição solar seja capaz de matar o vírus. Inclusive, a Academia Americana de Dermatologia publicou um artigo sobre os perigos da exposição ultravioleta que vem acontecendo. Nele, é explicado que não há evidências para apoiar a recente especulação de que a exposição ultravioleta tradicional é um tratamento eficaz contra a Covid-19. "Essa desinformação pode incentivar o público a buscar radiação UV do sol e das camas de bronzeamento, aumentando inerentemente o risco de câncer de pele", diz o artigo. O recomendado é que qualquer pessoa com sintomas de Covid-19 seja testada e siga as instruções médicas. 

O artigo explica ainda que é um fato bem estabelecido que a exposição desprotegida à radiação UV do sol ou de uma cama de bronzeamento artificial é fator de risco para câncer de pele, incluindo o mais letal, o melanoma. "Apesar dos rumores espalhados pelo mundo, não foram encontradas evidências de que o sol tenha ação sobre o vírus. Por isso, as recomendações de proteção solar se mantêm, já que a exposição sem proteção pode levar a queimaduras e ao desenvolvimento de lesões cancerígenas, inclusive o melanoma, câncer de pele grave que pode resultar em metástases e morte", explica a dermatologista Isabella Redighieri.


Vitamina D
A médica, no entanto, explica que o sol aumenta a vitamina D, que sabidamente tem papel na imunidade. "A vitamina D tem como papel fundamental a manutenção da massa óssea e alguns estudos têm sugerido que também pode influenciar o sistema imunológico. Pode ser adquirida pela alimentação ou reposição oral, mas principalmente pela exposição solar, que deve ser feita de forma adequada, principalmente para evitar queimaduras", diz Isabella.

A dermatologista Juliana Drumond também ressalta que uma exposição pequena, desde que diária, já é o suficiente para que haja a síntese da vitamina D. "O recomendado é cerca de 10 a 15 minutos, 5 vezes por semana, em uma parte do corpo como abdome, pernas, braços e costas. Não deve ser numa área que geralmente fica exposta ao sol como rosto, pescoço ou colo".

Juliana alerta ainda que é imprescindível o uso de filtro solar, mesmo dentro de casa. "Inclusive para a pessoa que tem tendência de manchar a pele. O sol também causa um processo chamado de pigmentação cumulativa, que são as manchas que aparecem muitos anos depois, por isso a importância do protetor solar".


Proteção
A recomendação para a proteção continua sendo a mesma, como o uso de roupas de proteção, camisa leve de mangas compridas, chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção UV, além de aplicar o protetor solar. "Recomendamos a exposição solar com proteção. Moramos num país tropical, e pedir que as pessoas não se exponham ao sol seria maldade. Meu lema é: 'se exponha, mas não se queime!'. Vamos aproveitar os benefícios do sol, mas sem riscos", finaliza a dermatologista diz Isabella Redighieri.

A Gazeta


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