O embrião era de um saurópode, conhecido por seu pescoço
longo e cabeça pequena. Pesquisadores concluíram que o dinossauro, um dos
maiores e mais pesados que já existiram, provavelmente tinha pequenos 'chifres'
no nariz que o ajudavam a nascer.
Em uma descoberta
rara, uma equipe internacional de pesquisadores encontrou um embrião preservado
de um dinossauro que viveu há 80 milhões de anos. Os achados foram publicados
nesta quinta-feira (27) na revista "Current Biology".
O dinossauro, um
saurópode, é conhecido por seu pescoço comprido e cabeça pequena (o
mesmo que aparece nos filmes de "Jurassic Park"), e era um dos
maiores que já viveram, explicou o pesquisador John Nudds, professor da
Universidade de Manchester e um dos autores do estudo
[O embrião] só tem um centímetro e meio de
comprimento – talvez o bebê tivesse tido 10 ou 12 centímetros quando fosse
chocado. Os adultos tinham 40 metros de comprimento", disse Nudds.
Segundo o
pesquisador, o ovo, provavelmente, teria sido chocado depois de 60 dias (cerca
de dois meses). E, depois que nascesse, o embrião levaria muitos anos para
chegar ao tamanho adulto.
Ao examinar o
embrião, os cientistas descobriram que os saurópodes tinham uma espécie de
"chifre" no nariz que permitia que eles quebrassem o ovo na hora de
nascer. Além disso, assim que nasciam, eles tinham visão estereoscópica,
como a dos humanos, que permite enxergar em profundidade. Essa capacidade,
entretanto, era perdida quando eles cresciam, afirmou Nudds.
"Nós ficamos bem
surpresos. Eles tinham uma visão muito melhor quando eram bebês", comentou
o pesquisador. "Isso é uma descoberta científica interessante. Talvez
fosse para evitar a predação, porque eles teriam sido muito vulneráveis quando
bebês".
Segundo o cientista,
os bebês saurópodes seriam bastante precoces e independentes, mas, por causa de
seu tamanho, é provável que ficassem no ninho por um longo tempo, sob a
proteção da mãe (e a estimativa é que esses ninhos tivessem mais de um metro de
diâmetro).
Descoberta rara
De acordo com os
pesquisadores, o embrião tem o crânio mais bem preservado em três
dimensões já encontrado de um dinossauro. Nudds conta que sua equipe
descreveu um achado semelhante em 2008, na China, e, desde então, houve poucos
relatos do tipo.
"Ovos de
dinossauros agora são bastante comuns, mas encontrar embriões dentro deles é
muito raro. Existem poucos registros disso", afirmou
Desta vez, o embrião
foi achado dentro de fragmentos de ovos retirados da Patagônia Argentina –
onde, segundo Nudds, é comum encontrar fragmentos de ovos de dinossauro. O
embrião foi contrabandeado do território argentino para os Estados Unidos, onde
acabou sendo comprado por um dos autores do estudo, que trabalhava como
preparador de fósseis.
"É ilegal
remover fósseis da Argentina. Mas muitos milhares são contrabandeados todo ano
– e todo ano há uma exibição de fósseis em Tucson, no Arizona, e os
negociadores vão ver o que está sendo vendido", explicou Nudds.
Na época, em 2001, o
membro da equipe que comprou o fóssil trabalhava em um ácido que fosse capaz de
separar os sedimentos acumulados nos fragmentos dos ovos de eventuais ossos de
dinossauros. (A técnica também foi aplicada na descoberta de 2008 da equipe de
Nudds). O processo, afirma o pesquisador, demora meses.
"O jeito que a
técnica funciona é passar cera na parte de fora da casca [para preservá-la do
ácido], aplicar o ácido, que é muito fraco, deixar por uma quantidade de horas
e, aí, ele dissolve o sedimento", explicou. "Aí, os ossos serão
revelados. Então, você os retira do ácido, passa cera neles e coloca de
volta". Isso é repetido várias vezes.
Depois, quando se
certificaram de que havia algo ali dentro, os cientistas usaram uma máquina,
chamada de síncroton, capaz de fazer raios-X poderosos, que tornavam possível
"enxergar" através de rochas.
Com o síncroton,
dissecamos [o crânio] virtualmente. Conseguimos movê-lo, ver os ossos,
reconstruir o crânio", explica Nudds. A imagem, em 3D, foi feita em
Grenoble, na França, e colorida digitalmente pelos cientistas (veja acima).
Em fevereiro, os
cientistas finalmente conseguiram devolver o fóssil à Argentina, com a ajuda de
um pesquisador do país que trabalha na Califórnia. Ele agora é exibido no Museu
Carmen Funes, na Patagônia, especializado em dinossauros.
Com Informações G1 Globo