Pnad Contínua revela características do mercado de
trabalho
A população
ocupada foi estimada no ano passado em 94,6 milhões de pessoas, o que significa
um crescimento de 2,5% na comparação com 2018, quando era 92,3 milhões.
Comparada à população de 2012, a alta é de 6,1%, ou 5,4 milhões. Naquela época,
89,2 milhões de pessoas formavam a população ocupada. Apesar de ser o
maior avanço anual desde 2013, o nível de ocupação em 2019, de 55,3%,
permaneceu bem abaixo do que se viu em 2012, quando era 57%.
Os dados fazem parte
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua):
Características Adicionais do Mercado de Trabalho 2019,
divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Nessa edição, a pesquisa apresenta dados de trabalhadores
com associação a sindicato, registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
(CNPJ), associação à cooperativa de trabalho e produção e local de exercício do
trabalho.
Para o IBGE, os números
da população ocupada significam que o ritmo de crescimento, de 6%, foi menor do
que a expansão total da população de 14 anos ou mais (8,9%) entre 2012 e 2019.
Carteira assinada
A pesquisa revelou
que depois da tendência de queda registrada desde 2015, o emprego com carteira
assinada no setor privado voltou a aumentar 3,3%, ou 1,1 milhão de
pessoas, em 2019. Segundo o IBGE, o movimento respondeu por quase metade do
crescimento da população ocupada (2,3 milhões de pessoas) no ano passado. Mesmo
com o aumento no contingente desses trabalhadores em 2019, estimado em 33,9
milhões de pessoas, continuou longe do maior valor observado em 2014, que ficou
em 36,1 milhões de pessoas.
A analista da
pesquisa, Adriana Beringuy, destacou que o crescimento da ocupação em 2019 teve
também um aspecto qualitativo bastante importante, que foi o aumento no número
de carteiras de Trabalho assinadas. “Além de a gente ter registrado
um crescimento quantitativo dessa população ocupada, parte importante do
crescimento foi feita por meio de Carteira de Trabalho, que vem desde o ano de
2016 com quedas importantes e tem em 2019 um início de recuperação”,
disse. Segundo ela, o patamar de carteiras no ano passado, ainda que
represente crescimento, é muito aquém do que já ocorreu. "Mas, de fato,
foi um movimento de reação que ocorreu no ano de 2019”, completou.
Sem carteira
Houve aumento também
no número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado, que alcançou
12 milhões. Já o total de trabalhadores por conta própria subiu 4,2%, o
que representa mais 991 mil pessoas, chegando a 24,4 milhões. Esse, conforme o
IBGE, é o maior patamar de toda a série da pesquisa. Se comparado ao
contingente de 2012, a elevação é de 4 milhões no período.
Para a pesquisadora
do IBGE, além do total de trabalhadores sem carteira, um registro importante é
o crescimento do percentual dos que faziam as atividades por conta própria, que
vinha em queda nos últimos anos. “O que a gente nota em 2019, esse crescimento
da ocupação, foi observado em diversas formas de inserção no mercado de
trabalho, seja no trabalhador por conta própria ou naquele sem carteira”,
disse.
2012 para 2019
No intervalo de sete
anos, a proporção de trabalhadores por conta própria aumentou de 22,8% para
25,8% e a de empregado com carteira assinada no setor privado caiu de 38,4%
para 35,8%. Tanto no setor público, incluindo servidores estatutários e
militares, quanto no setor privado, nesse período os empregados sem carteira
assinada tiveram participação praticamente estável. No público, ficou estável
em 12,3%, enquanto no setor privado passou de 12,5% para 12,7%.
"Não obstante a
reação da carteira em 2019, no que se refere à participação no conjunto geral
de ocupação do mercado de trabalho, a Carteira de Trabalho, em relação ao que
já foi, ainda tem proporção menor. Por outro lado,esse trabalho por conta
própria vem ganhando espaço na série histórica”.
Atividades
A pesquisa do
IBGE identificou também que as atividades de serviço responderam por 51,7%
da ocupação, o que significa expansão se comparadas a 2012. Naquele ano,
representavam 46,8%. A indústria geral teve participação de 12,9% e a
construção, de 7,2%. As duas apresentam tendência de queda na participação da
população ocupada no período, mas o comércio representou estabilidade, com
18,9%. A participação da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e
aquicultura ficou em 9,1% da população ocupada.
Todos os grupamentos
de atividade tiveram variação positiva de população ocupada no ano passado,
especialmente, os serviços de informática, comunicação e atividades
financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com 4,3% ou 444 mil
pessoas. Os serviços de alojamento e alimentação registraram 7,5% ou 395 mil
pessoas, e a indústria geral ficou com 3,2% ou 380 mil pessoas. Depois de cinco
anos seguidos de perdas na ocupação, a atividade de construção teve discreto
aumento de 88 mil pessoas ou 1,3%, enquanto as de agricultura, pecuária,
produção florestal, pesca e aquicultura, subiram 1,4%, o que representa 116 mil
pessoas.
Parte do crescimento
na atividade de transporte, armazenagem e correio - que em 2012 era 4,7% e
chegou a 2019 com 5,1% - se deve à expansão dos motoristas de aplicativos. “A
gente vem observando que dentro dessa categoria o segmento que mais expandiu
foi o de motorista de aplicativo”, afirmou a pesquisadora.
Com Informações Agência Brasil