Levantamento da CNM aponta que são 473; em 2018 eram 308
O número de municípios com mais eleitores que habitantes aumentou na comparação com o cenário visto nas eleições de 2018. Segundo levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), desta vez são 493, 8,8% das cidades brasileiras. Em 2018, quando 308 cidades do Brasil registraram essa inversão, o aumento foi de 60%.
O estudo
foi feito a partir do cruzamento de dados da base de eleitores do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) com a população oficial calculada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estado com o maior número em
termos percentuais é Goiás (22,76%), seguido do Rio Grande do Norte (17,9%) e
da Paraíba (14,8%).
Proporcionalmente,
a cidade que lidera a lista nacional de municípios com mais eleitores do que
habitantes é Severiano Melo (RN). Lá, segundo estimativa do IBGE,
são 2.088 habitantes, já os dados do TSE apontam 6.482 eleitores
aptos a votar, o número é três vezes maior que a
quantidade de habitantes.
Em
números absolutos, na liderança da lista nacional de municípios
com mais eleitores que habitantes está o município pernambucano
de Cumaru,no Agreste do estado. Segundo o IBGE, ele possui
10.192 moradores, já o TSE aponta que há na cidade 15.
335 cidadãos aptos a votar este ano.
Justificativa
A diferença,
segundo o consultor da área técnica, da CNM, Eduardo Stranz, pode ser
justificada por desatualizações nas estimativas de população feitas
pelo IBGE, fraudes e , especialmente, por questões
afetivas. “Existe uma ligação muito grande das pessoas com as cidades onde
elas nasceram, sobretudo nesses municípios pequenos. Elas migram para cidades
maiores, regiões metropolitanas ou cidades-pólo em busca de emprego ou estudo,
mas não transferem seus títulos eleitorais, isso é muito comum”, avaliou.
Stranz,
que há mais de 30 anos trabalha com municípios, lembrou ainda que em
cidades menores a disputa política é muito acirrada e as pessoas nascidas
nessas localidades têm sempre algum grau de parentesco com os candidatos o
que, segundo ele, também contribui para que elas não transfiram seus
títulos.
Dados IBGE
Outro
ponto que deve ser levado em conta é a defasagem nos dados sobre a
população brasileira. “Isso está mais evidente agora, em
2015. Segundo o Plano Nacional de Estatística, o IBGE teria que
ter feito uma contagem populacional para ajustar a fórmula que calcula essa
estimativa, mas isso não aconteceu sob o argumento de falta de
verba”, explicou o especialista.
O
Brasil adota uma das seis fórmulas utilizadas no mundo para
estimar a população . A equação, que projeta o número
de habitantes a partir de dados do Censo
Demográfico, tem eficiência por quatro anos, no
quinto ano, é preciso recontar a população para
ajustar a fórmula. “Como não foi feito isso, as populações estimadas
a partir de 2015 têm tendência mais ao erro que acerto. Isso
também pode ser importante nessa diferença”, destacou Eduardo Stranz.
Fraudes
Questionado
se o número maior de eleitores em relação aos habitantes em determinadas
cidades não pode significar fraude, o consultor disse que sim, mas que casos de
curral eleitoral são pontuais. “Hoje em dia isso é cada vez menos comum. As
pessoas têm muito mais acesso à informação, discussão política. Olhando o
perfil dessas cidades, fica mais evidente a ligação das pessoas com sua terra
natal.
Revisão
Nos
casos em que há muita discrepância entre eleitores e habitantes ou que há um
aumento da transferência de domicílios, a Resolução 22.586/2007, do TSE,
determina que seja feita uma revisão do eleitorado sempre que for constatado
que o número de eleitores é maior que 80% da população, que o número de
transferências de domicílio eleitoral for 10% maior que no ano anterior, e que
o eleitorado for superior ao dobro da população entre 10 e 15 anos, somada à
maior de 70 anos no município.
Com Informações Agência Brasil