Avanço das vacinas neste mês já provocou mudanças bruscas no desempenho relativo entre setores, países e estilos de investimento no mercado acionário
Alguns
dos maiores investidores mundiais dizem que é hora de posicionar os portfólios
para o fim da pandemia. Isso não significa que concordem sobre a melhor
estratégia.
Uma
das recomendações da JP Morgan Asset Management é comprar ações impactadas pela
pandemia, como de empresas de viagens, companhias aéreas e hotéis. A equipe de
multiativos da Fidelity International aumentou posições em regiões como a
Europa, duramente atingidas pelo coronavírus, com a aposta de melhor
desempenho. Segundo a Franklin Templeton, ainda é muito cedo deixar mercados
como a Ásia, que conduziu melhor a crise.
Mesmo
que as três empresas olhem além do aumento de casos e novas restrições para a
perspectiva de uma população vacinada que alcance a imunidade de rebanho em
algum momento nos próximos dois anos, suas visões às vezes divergentes sobre
como investir destacam os altos riscos para gestores de ativos durante o que
poderia ser um momento fundamental para os mercados. O avanço das vacinas
contra a Covid-19 neste mês já provocou mudanças bruscas no desempenho relativo
entre setores, países e estilos de investimento no mercado acionário.
“A
rotação do setor de renda variável pode dominar as discussões entre
investidores nos próximos meses”, disse Tai Hui, estrategista-chefe para
mercado asiático da JP Morgan Asset Management.
“Achamos
que os investidores podem tentar diversificar suas alocações para aproveitar as
vantagens das possíveis boas notícias sobre o desenvolvimento de vacinas.”
Para
Salman Ahmed, responsável por alocação macro e ativos estratégicos da Fidelity
International em Londres, é hora de ser positivo sobre a Europa. A equipe de
multiativos agora aposta em ganhos para a região e isso é uma “grande mudança”,
disse. A Ásia, de acordo com Ahmed, maximizou os benefícios de mercado que
poderia obter por controlar a propagação do coronavírus.
“Os
países que estão sob muita pressão por causa do vírus devem ganhar com uma
vacina confiável”, afirmou. “E a Europa se enquadra nessa categoria”, porque o
impacto da Covid tem sido muito ruim.
Mas
nem todos apostam nesta rotação. Para Stephen Dover, responsável por renda
variável da Franklin Templeton, ainda vai demorar meses antes que qualquer
vacina possa ser amplamente distribuída. Por isso, as ações asiáticas ainda são
o investimento preferido.
Gestores
também divergem sobre quando as vacinas normalizarão as economias. Para Dover,
por exemplo, é mais provável que isso aconteça no segundo semestre de 2021. Mas
Ross Cameron, gestor financeiro em Tóquio da australiana Northcape Capital,
avalia que mais da metade da população mundial ainda não será vacinada antes do
final de 2023.
“Nossa
impressão é que os mercados estão otimistas demais sobre a velocidade da
distribuição global de uma vacina”, disse Cameron. “Vai exigir muito tempo e
dinheiro.”
Evan
McCulloch, diretor de pesquisa de renda variável da Franklin Equity e
gestor-chefe do Franklin Biotechnology Discovery Fund, resume como os gestores
de fundos, apesar das diferentes estratégias, no geral olham além das novas
ondas de coronavírus e retorno das restrições em muitos países.
“Somos investidores de longo prazo”, disse. “Estamos olhando além do número
crescente de casos e da contínua fragilidade econômica em direção a uma
reabertura da economia possibilitada pela vacina.”
Com Informações Exame