"A temperatura média global em 2020 deve ficar em cerca de 1,2°C acima do nível pré-industrial (1850-1900
Com o
avanço do aquecimento global, o ano de 2020 deve terminar como um dos três mais
quentes do registro histórico, e a década de 2011 a 2020 como a mais quente
desde que a temperatura começou a ser medida, no fim do século 19. É o que
estima a Organização Meteorológica Mundial (OMM) com base na situação observada
entre janeiro e outubro deste ano. Um relatório prévio do seu Estado do Clima
Global em 2020 foi divulgado nesta quarta-feira, 2.
"A
temperatura média global em 2020 deve ficar em cerca de 1,2°C acima do nível
pré-industrial (1850-1900). Há pelo menos uma chance em cinco de exceder
temporariamente 1,5°C até 2024", afirmou o secretário-geral da OMM,
Petteri Taalas, em comunicado à imprensa. Conter o aquecimento do planeta em
1,5°C até o fim do século é o objetivo mais ousado do Acordo de Paris,
estabelecido em 2015, mas parece estar cada vez mais longe de ser alcançado.
Mesmo
com as medidas de lockdown adotadas em vários países neste ano por causa da
pandemia de covid-19, que paralisaram atividades industriais, a concentração de
gases de efeito estufa na atmosfera, que provocam o aquecimento do planeta,
continuaram subindo, já havia informado no fim de novembro a OMM. No próximo
dia 12 o Acordo de Paris completa cinco anos, mas os compromissos que quase 200
países do mundo fizeram para reduzir suas emissões não estão deixando o mundo
no caminho de conter a elevação da temperatura. "Mais esforços são
necessários", frisou Taalas.
Ele
lembra que o ano mais quente até então, o de 2016, coincidiu também com a forte
ocorrência do fenômeno El Niño, que aquece as águas do Pacífico e colaboram com
o aumento da temperatura do planeta. Mas em 2020 está em vigor um fenômeno
contrário, um La Niña, que tem um efeito de esfriamento, mas mesmo assim a
temperatura média da Terra subiu. "Não foi suficiente para colocar um
freio no aquecimento deste ano. Este ano já mostrou recordes de calor
comparáveis aos de 2016", afirmou.
Diversas
partes do planeta sofreram neste ano com ondas de calor extremo, com queimadas
devastadoras na Austrália, na Sibéria, na costa oeste dos Estados Unidos e na
América do Sul. Os incêndios no Pantanal neste ano foram recordes desde o
início das medições, em 1998, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), piorados em parte pela seca intensa e pelas altas temperaturas. Cidades
do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e de São Paulo bateram recordes de
temperatura neste ano. A cidade de São Paulo teve a segunda maior temperatura
da sua história.
De
acordo com o relatório, a temperatura do oceano está em níveis recordes e mais
de 80% dos mares do planeta experimentaram uma onda de calor marinha em algum
momento de 2020, impactando de forma generalizada os ecossistemas marinhos que
já sofrem com águas mais ácidas devido à absorção de dióxido de carbono (CO2).
Esse aquecimento dos oceanos colaborou com a ocorrência de um número recorde de
furacões no Atlântico.
Com Informações Notícias ao Minuto