O primeiro cão identificado com o vírus foi um macho, adulto, da raça buldogue francês
Pesquisadores
da UFPR (Universidade Federal do Paraná) identificaram a presença do novo corona
vírus em dois cães de Curitiba. Ambos tiveram contato com os donos que estavam
infectados. É o segundo registro oficial do vírus em animais domésticos no
Brasil, mas o único em cachorros. O primeiro caso ocorreu com uma gata em
Cuiabá (MT), em outubro.
O
primeiro cão identificado com o vírus foi um macho, adulto, da raça buldogue
francês, cujo dono, em cuja cama dorme, foi diagnosticado com Covid-19 na
metade de novembro.
O
tutor percebeu uma discreta secreção nasal no cão, que foi testado e teve a
presença do vírus confirmada no organismo, mas em pequena quantidade. No dia
seguinte, em um segundo exame, já não foram encontrados indícios do novo corona
vírus no animal.
O
segundo caso ocorreu com outro macho, adulto, sem raça definida, cuja tutora
também teve Covid-19. Ao todo, ela tem quatro cães e, segundo relatou aos
pesquisadores, todos tiveram episódios discretos de espirros. Eles foram
testados, mas só um deles foi infectado.
Apesar
da testagem positiva para o novo corona vírus, os pesquisadores ressaltam que
esses animais não desenvolvem a Covid-19 como os humanos e não podem transmitir
a doença.
"Algumas espécies são muito resistentes ao vírus, como suínos e aves,
outras são mais ou menos resistentes, como cães e gatos, que podem ser
infectados, mas não desenvolvem a doença, eliminando essa infecção viral em
poucos dias", explica o coordenador do estudo, Alexander Biondo, médico
veterinário e professor da UFPR.
Ele
conta que há publicações indicando que os gatos podem passar o vírus para
outros gatos, mas que ainda não há referências que tratem da transmissão entre
cães. Em geral, é o contato humano que faz com que os bichos sejam
contaminados. Por isso, Biondo indica que doentes pratiquem o distanciamento e
usem máscaras quando em contato com os animais.
O
veterinário explica que os sinais de infecção variam, mas que, em geral,
apresentam sintomas respiratórios ou digestivos que podem durar de 3 a 15 dias.
Segundo ele, não há riscos para a saúde do animal, mas, sinais clínicos mais
graves e até a morte podem ocorrer se o vírus estiver associado a outros
causadores de problemas intestinais, como o parvovírus.
Protetores
de animais se preocuparam com a divulgação da notícia de que cães foram
infectados com o novo corona vírus, temendo que tutores abandonem os bichos.
Segundo o delegado Matheus Laiola, da delegacia de Proteção ao Meio Ambiente de
Curitiba, ainda não há registros nesse sentido, ainda que os casos tenham aumentado
durante a pandemia.
"O
principal fator é econômico, tivemos um aumento importante na quantidade de
abandono principalmente pela questão financeira, porque as pessoas perderam o
emprego e não conseguem mais manter o animal", explica.
Segundo
ele, em todo o ano passado, foram cerca de 1.000 ocorrências na cidade. Mas,
até o início de dezembro de 2020, a delegacia já tinha registrado 1.500 animais
abandonados.
A
pesquisa que tem levado à identificação do novo corona vírus em bichos é
coordenada pela UFPR e envolve outras instituições de seis capitais
brasileiras. É o primeiro estudo desse tipo em um país tropical e na América
Latina. Outra iniciativa similar só ocorreu na Itália.
Biondo
destaca que esse tipo de levantamento é importante para entender os riscos de
transmissão da Covid-19 pelos animais. Ele lembra que, na Dinamarca, 10 milhões
de visons foram abatidos após um estudo comprovar que eles estavam sendo
infectados com o vírus por humanos e retransmitindo para pessoas.
"É
fundamental que estudos sejam feitos e auxiliem na tomada de decisões acertadas
por parte dos governos", aponta.
Com Informações Notícias ao Minuto