Inflação deve cair em 2021, mas ainda vai pesar no bolso, dizem especialistas

Expectativa para o próximo ano é de redução no preço dos alimentos, entretanto, alta é esperada para vestuários, saúde e transportes


No fim do ano, a inflação acelerou e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15, prévia da inflação oficial, fechou 2020 em 4,23% – acima da meta de 4%. Para 2021, espera-se é que a alta dos alimentos que ocorreu neste ano dê uma freada, mas preços represados e a tarifa de energia irão pressionar uma alta nos preços. A expectativa do Banco Central (BC) é de inflação de 3,4% em 2021.

A conta de energia ficou bem mais cara em dezembro com a bandeira vermelha decretada pela ANEEL. Segundo André Braz, economista do Ibre/FGV, o preço da energia vai depender das chuvas no ano, mas as escolas devem fazer um reajuste de preços.

"Em janeiro, a maioria das escolas vão fazer uma proposta de reajuste, já que está prevista a vacina e a volta das aulas presenciais. E no início do ano, é provável que a tarifa de energia passe a ser amarela, mas vai depender da capacidade dos reservatórios. Sem chuva, vai pressionar os preços, já que a luz gera aumento em cadeia", afirma.

A boa notícia é que os alimentos, que dispararam em 2020, devem desacelerar. A explicação é que o dólar desvalorizou, o que desmotiva os agricultores a venderem para o mercado externo, as variantes climáticas que afetaram as safras estão controladas e a demanda deve cair com o fim do auxílio emergencial. No entanto, itens que ficaram congelados neste ano de pandemia, como transporte público, planos de saúde, medicamentos, serviços e vestuário devem subir.

"Para 2021, ainda haverá pressão de alimentos no primeiro trimestre, porque o repasse no atacado demora. Mas, a partir de abril, deve começar a desacelerar mais fortemente. Entretanto, além dos serviços que neste ano seguraram a inflação, outros itens que não tiveram reajuste vão voltar a subir", explica Maria Andreia Parente, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Inflação mais alta aumenta correção

A inflação mais alta do que o previsto em 2020 tende a representar reajustes maiores no ano que vem na renda, já que muita coisa está indexada. O Salário-mínimo tem como proposta o valor de R$ 1.088, as aposentadorias são reajustadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que tem estimativa de fechar o ano em 4,10%. E no geral, os sindicatos pressionam as empresas para uma correção pelo valor do IPCA.

"Quando a categoria é forte e organizada ela consegue repor a inflação passada. Mas esse aumento na renda costuma também a levar a um aumento geral de preços na economia", afirma o economista André Braz, da FGV.

Mas, o que definirá o aumento de preços em 2021 será a situação econômica. O Banco Central projetou o cenário de inflação mais alta com um agravamento da situação fiscal do país, o que poderia fazer o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA) chegar a 6,4%. Já no cenário de inflação mais baixa, a crise econômica e os efeitos da pandemia continuam por mais tempo e a inflação poderia fechar em 2,4% no ano.

"Estamos com um problema de dívida pública, devendo o tamanho da nossa economia. E isso provoca a desvalorização cambial e pressiona os preços. O governo precisa trazer soluções para isso. Ter uma política de vacinação eficiente para a retomada econômica e redução dos casos também é essencial", afirma André Braz.


Com Informações Valedoitaúnas/Informações iG


Postagem Anterior Próxima Postagem