Sugestões incluem descanso, boa alimentação e planejamento
Lidar
com a ansiedade antes de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ficou
ainda mais complicado este ano, em meio à pandemia do novo coronavírus. Por
isso, professores recomendam que os estudantes descansem, alimentem-se bem e
que separem com antecedência tudo que precisarão levar no dia do exame.
Como
professora, o que estou passando para os meus alunos é o que a gente conseguiu
estudar, nós estudamos até sexta-feira (8). A partir de agora é organizar a
caneta, a máscara, o álcool em gel. Olhar o seu Cartão de Confirmação da
Inscrição para ver onde vai fazer a prova. Verificar se conhece o lugar, se
sabe como chegar. Se organizar para a prova, para não deixar para a última
hora”, diz a professora de português da Escola Estadual Amélio de Carvalho
Baís, de Campo Grande (MS), Letícia Cintra.
De
acordo com o coordenador pedagógico do ProEnem, Leandro Vieira, uma forma de
tentar driblar a ansiedade é se sentir minimamente preparado. Então, além de
separar os itens para levar no dia do exame, a semana pode ser voltada para a
revisão de conteúdo. “Fazer provas anteriores, rever provas de anos anteriores,
assuntos que mais caem pode gerar confiança nos alunos”, diz. No site do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
estão disponíveis todas as provas aplicadas e
os respectivos gabaritos.
Vieira
recomenda também que os estudantes tenham uma estratégia para fazer a prova.
Isso ajuda a chegar no dia e saber como conduzir o exame, sem perder tempo. “A
gente vê muitos alunos que chegam para o dia da prova e acabam ficando muito
nervosos, muito ansiosos e acabam não conseguindo se concentrar naquele
momento. Importante que vá para a prova sabendo por onde vai começar”,
diz.
A dica
do professor é começar pela redação, pois é a única prova que não é possível
resolver de maneira rápida. Ele recomenda que os estudantes dediquem cerca de
uma hora para essa prova e que, em seguida, resolvam as questões com que têm
mais afinidade, para garantir o acerto das questões fáceis. Neste domingo (17)
serão aplicadas as provas de redação, linguagens e ciências humanas. No dia 24,
os candidatos farão as provas de matemática e ciências da natureza.
Para o
professor de história do CEL Intercultural School, Rômulo Braga, a principal
dica é não se comparar com os demais candidatos. Segundo ele, de formas
diferentes, a pandemia causou impacto em todos os estudantes do país. “Não
dá para usar a mesma métrica do ano passado. As coisas estão inconstantes e
incertas. Não é saudável se adiantar e ficar ansioso em relação aos resultados.
Este ano, todos terão resultados diferentes, alguns um pouco para mais e outros
para menos. Ainda virão outras aplicações do Enem mesmo em 2021”, diz.
Aulas em ano de pandemia
O ano
de 2020 não foi como os demais, nem para os estudantes, nem para os
professores. Escolas e cursinhos preparatórios tiveram que se adaptar. “Foi um
ano extremamente cansativo”, diz Vieira. “Foi um ano de vários testes, de
tentativa e erro, daquilo que funcionava ou não funcionava no dia a dia.
Realmente foi um ano cansativo para os professores e acho que esse cansaço
também se refletiu nos alunos. A gente tem um Enem que nunca foi tão
tarde. O Enem normalmente é no começo de novembro, então, são praticamente três
meses a mais de estudos do que eles estão acostumados”, acrescenta.
“Às
vezes minha vontade era pular da tela para dentro da casa do aluno, para falar
com ele, para motivá-lo a abrir a câmera, para trocar de roupa, sair do
pijama”, diz Braga. “A maior desvantagem é a falta de contato. Aquele aluno que
está desmotivado, mas que se motiva com a presença de outros, com a presença de
um professor que ele gosta muito, tudo isso foi evitado”.
Já
Letícia Cintra precisou de fato ir à casa de estudantes para evitar que eles
abandonassem os estudos. “Não perdemos ninguém, porque a escola fez uma
busca ativa. Se o estudante ficava 15 dias sem acessar o conteúdo, a gente ia
atrás dele, ia à casa do aluno para levar atividade”, afirma. Ela conta
que precisou também adaptar os próprios horários porque havia alunos que só
tinham acesso à internet no fim do dia, quando os pais chegavam em casa com
celular. “Atendia aluno às vezes até as 23h. Atendia aos sábados e
domingos”.
Em um
ano em que ter acesso à internet fez diferença, as desigualdades ficaram mais
evidentes. De acordo com levantamento feito pela plataforma de bolsas de
estudos e vagas no ensino superior Quero Bolsa, 77,8% dos estudantes que se
inscrevem no Enem têm internet em casa e smartphone ou computador. Eles têm,
portanto, a conexão e o aparelho para conseguir acessar o material desenvolvido
para ensino a distância. Já os demais 22,8%, por falta de infraestrutura,
não conseguem assistir às aulas online. Os dados são do questionário
socioeconômico do Enem 2019.
Enem 2020
Ao
todo, cerca de 5,8 milhões de estudantes estão inscritos no exame. O Enem 2020
terá uma versão impressa, nos dias 17 e 24 de janeiro, e uma digital, realizada de
forma piloto para 96 mil candidatos, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.
As
medidas de segurança adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus serão
as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um
número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os
participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos
estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz
e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, o álcool em gel
estará disponível em todos os locais de aplicação.
Quem
for diagnosticado com covid-19, ou apresentar sintomas dessa ou de outras doenças
infectocontagiosas até a data do exame, não deverá comparecer ao local de prova
e sim entrar em contato com o Inep pela Página do Participante, ou pelo telefone
0800-616161, e terá direito a fazer a prova na data de reaplicação do Enem, nos
dias 23 e 24 de fevereiro.
Com
Informações Agência Brasil