Pai quer a guarda das filhas que eram mantidas em cativeiro em Barra de São Francisco


O pai de duas das quatro crianças que eram mantidas em cativeiro em Barra de São Francisco, interior do Espírito Santo, vai lutar pela guarda das filhas. De acordo com ele, a ex-mulher, com quem se relacionou quase três anos, tinha traços de psicopatia.

O ex-companheiro, que não foi identificado para proteger a identidade das crianças e mora em São Paulo, contou à produção da TV Vitória/RecordTV que após a primeira gravidez, a mulher passou a se comportar de maneira estranha.

"A gente conviveu por três anos e meio. Quando a minha filha mais velha estava com dois anos, ela engravidou de novo. E nesse meio tempo, acabou aflorando um comportamento nela de psicopatia. Ela é muito fria, calculista, vaidosa. Eu já estava tendo problemas com ela de desvio de dinheiro, roubo, drogas. Então, quando minha filha mais nova estava com dois meses de idade, ela quis impedir que eu tivesse a guarda delas alegando varias mentiras", relatou ele.

Mesmo depois de estar separado da mulher, o pai das crianças revelou que conseguiu manter contato com as crianças. Entretanto, depois de um certo tempo, a ex-companheira desapareceu com as crianças. Ele chegou a procurar a justiça, mas nada foi resolvido.

"Procurei a Justiça e o Conselho Tutelar também para falar sobre essa situação dizendo que a mulher estava proibindo que eu tivesse contato com as crianças. Tanto eu quanto minha família. A resposta do conselho foi que eu fosse à justiça, reclamasse no fórum e procurasse um advogado", explicou.

O homem ainda afirmou que as péssimas condições e a quantidade de sujeira que foram encontradas na residência onde vivia a família não era novidade.

"A casa que ela vivia com a mãe dela, de um cômodo, era totalmente suja, maltrapilha. Passado um ano, ela deixou a mais velha, de 12 anos, com a avó e a mais nova, de 10 anos, levou pra casa dela onde teve os outros filhos. A mais nova só tinha uma vacina, de ABCG porque eu que levei", esclareceu ele.

O pai das duas meninas, devido à distância, não conseguia resolver muita coisa. Ele ainda relatou que buscou várias maneiras de conseguir a guarda das crianças, mas não foi resolvido.

"Todo tipo de ajuda dessa parte jurídica e formal, já busquei ajuda. E nunca me informaram nada. Eles deixaram. Permitiram que isso acontecesse", afirmou ele indignado.

As crianças são conhecidas por serem sempre sinceras. Durante um atendimento da escola com uma das crianças, a profissional notou as condições e ela mesma revelou tudo que se passava dentro de casa.

O caso chegou ao Conselho Tutelar de Barra de São Francisco. E quando chegaram até a residência, constataram a precariedade que havia no local. O fogão estava fora de condições de uso, havia lixo espalhado por toda a casa, a geladeira destruída e fezes de animal pelo chão.

O ex-companheiro da mulher relatou que uma das crianças era portadora de Autismo e, por isso, não se conforma que nada tenha sido feito antes. No documento da Justiça, o relato dos conselheiros é arrasador.

"No local, verificaram que havia muita sujeira e fezes de animais na residência, aparentando estar sem os devidos cuidados de higiene há muitos dias, sendo que os policiais e os conselheiros sequer conseguiram ficar naquele local por muito tempo" (documento judicial transcrito).

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Segundo as informações contidas no documento, no dia da apuração da denúncia, as crianças e adolescentes que residiam no local informaram aos policiais militares e aos conselheiros tutelares que só ficavam dentro de casa e que estavam a vários dias sem se alimentar.

O caso aconteceu no último dia 29 de agosto. A Polícia Militar (PM) foi acionada pelo Conselho Tutelar do município para fazer o acompanhamento até uma residência do bairro Irmãos Fernandes, após a denúncia de que um casal estaria mantendo crianças em condições sub-humanas e em cárcere privado.

No local, verificaram que havia muita sujeira e fezes de animais dentro da casa. As crianças informaram aos militares que estavam sem se alimentar há vários dias e que só ficavam dentro de casa.

Conforme consta no termo de audiência de custódia, um dos conselheiros relatou que as crianças aparentavam não tomavam banho há muito tempo, estavam muito magras e com piolhos.

A médica que atendeu as crianças informou que elas apresentavam características de cativeiro como unhas grandes e sujas, muita sujeira pelo corpo, piolho e dentes podres. O pai das duas meninas espera conseguir definitivamente a guarda delas na Justiça.

"Como pai eu estou perdido. Parei 10 anos da minha vida para correr atrás disso. Por 10 anos tiraram minhas filhas de mim e deixam nas mãos de uma psicopata. Só quero minhas filhas aqui comigo em casa", afirmou.

O Conselho Tutelar de Barra de São Francisco confirmou que as crianças estão em segurança e sob responsabilidade da Justiça. Informou também que o pai, de fato, precisa procurar a Justiça para requerer a guarda das filhas. Vale ressaltar que o processo citado na matéria correu em São Paulo.


Fonte: TV Vitória / Record TV.


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