Alimentação saudável: excesso de preocupação pode se transformar em transtorno mental



Qual o limite da busca por uma vida mais saudável? Sem dúvida ter bons hábitos alimentares é uma das principais medidas para viver mais, melhor e adoecer menos. Mas a obsessão por alimentos e estilo de vida mais saudáveis pode, segundo especialistas, afetar seriamente a saúde física e mental.

A busca descontrolada por comida livre de qualquer nutriente considerado prejudicial ao corpo, pode se transformar em um transtorno obsessivo-compulsivo que tem nome: ortorexia

Quem sofre com esse problema segue uma dieta muito restritiva, evitando alimentos que contenham não apenas gorduras ou açúcares, mas também conservantes, corantes ou outros componentes que considerem prejudiciais à saúde.

Apesar de parecer uma boa forma de selecionar os alimentos, essas escolhas podem levar à situação oposta: o aparecimento de problemas de saúde causados pela falta de nutrientes, por exemplo, dispensando gorduras saudáveis que fornecem vitaminas essenciais.

Veja como identificar e tratar o transtorno

Para a psicóloga Raquel Velasco Del Castillo, um dos indicadores considerados preocupantes é o tempo que a pessoa passa pensando nas refeições.

“Os afetados buscam obsessivamente a melhoria da saúde, como passar mais de três horas do dia pensando na alimentação, planejando rigidamente as refeições ou tendo a necessidade de controlar a composição e porção de cada alimento”, explica.

A psicóloga Diana Camín afirma ainda que quem sofre com a ortorexia também apresenta sintomas de ansiedade e medo de “perder o foco da dieta”.

“O portador de ortorexia apresenta uma série de sintomas psicológicos indicativos desse transtorno, como ansiedade excessiva com a quantidade e qualidade dos alimentos, preocupação em perder o controle e ‘cair em tentação’ e quebrar regras alimentares auto impostas. A pessoa, às vezes, restringe ainda mais a variedade de alimentos que pode comer ‘para se punir’ depois de quebrar suas próprias regras”

A nutricionista, Verónica Velasco, orienta explica que os sinais da doença são visíveis também no corpo. Isso porque o transtorno, segundo a especialista tÊm efeitos como emagrecimento repentino e maior probabilidade de sofrer lesões.

“A ortorexia geralmente resulta em perda de peso muito rápida e pronunciada, e em uma maior facilidade para sofrer lesões, às vezes devido a esportes excessivos sem estar bem nutrida. Além de que costuma levar à falta de energia e ao cansaço, até pelo tempo que a pessoa gasta planejando e organizando sua alimentação”, disse.

Há casos em que a pessoa chega a desmaiar. Sendo necessário fazer tratamentos de hidratação controlada para regular os níveis de minerais no corpo ou implantar sondas de alimentação em cavidade gástrica através do nariz ou da parede abdominal

“Esses e outros comportamentos marcados pela rigidez alimentar são acompanhados por um sentimento de culpa muito alto na pessoa se ela pular alguma de suas necessidades dietéticas e afetam sua capacidade de ter uma convivência social equilibrada, o que geralmente leva ao isolamento”, acrescenta Del Castillo.

Qual a diferença entre a alimentação saudável e uma dieta ortoréxica?

A principal diferença entre manter uma alimentação saudável e fazer uma dieta ortoréxica é que a pessoa, ao invés de ter uma preocupação razoável em manter um estilo de vida saudável, faz todo o seu tempo girar em torno da alimentação.

“Não é um transtorno que pode ser resolvido sem ajuda profissional e também tende a se tornar crônico ou piorar com o tempo. Se o afetado for um familiar, além de aconselhá-lo a buscar ajuda profissional, é importante evitar ser cúmplices da situação e não justificar ou minimizar o comportamento e suas consequências”, enfatiza Camín

O tratamento psicológico, segundo a especialista, vai detectar a origem da doença, em sua maioria intimamente relacionado a traços obsessivos.

“Dois pilares da intervenção terapêutica são ajudar as pessoas a tomarem consciência dos riscos que correm a nível nutricional e social, mantendo estes hábitos rígidos e dar-lhes a capacidade de flexibilizar as suas orientações, alcançando hábitos verdadeiramente saudáveis”, finaliza a psicóloga.

Fonte: Folha Vitória


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